São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Cinco morrem em chacina na Bahia

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O banqueiro de jogo do bicho José de Souza Oliveira Filho, capitão reformado da Polícia Militar, e quatro pessoas que seriam seus seguranças foram mortos a tiros ontem de madrugada no bairro de Roma, periferia de Salvador (BA).
O crime aconteceu na sede da banca de bicho "Para o Povo", que pertencia a Oliveira Filho. Ele foi o 18º bicheiro assassinado na Bahia nos últimos cinco anos. Nenhum desses 18 crimes foi elucidado pela polícia.
Segundo a polícia, a chacina teria sido motivada pela briga pelo comando do jogo do bicho no Estado. Oliveira Filho acusava a banca de bicho "Paratodos", a maior da Bahia, de não permitir concorrência e de ser a responsável pelas mortes dos outros bicheiros.
Há um mês ele sofreu um atentado a bala, do qual escapou sem ferimentos. "Já morreram 17. Espero não ser o 18º", disse na época. Oliveira Filho havia denunciado que policiais civis e militares teriam ligações com a banca de jogo do bicho "Paratodos".
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia abriu inquérito para apurar as denúncias. A "Paratodos" tem como presidentes de honra dois banqueiros de bicho do Rio de Janeiro: Paulo de Andrade (filho de Castor de Andrade) e Antônio Turcão. Seu presidente na Bahia é Adílson Santos Passos. Procurado ontem pela Agência Folha, Passos não retornou nenhuma das cinco ligações.
Para Oliveira Filho, o presidente Passos seria apenas um "testa-de-ferro" dos bicheiros cariocas. Oliveira Filho foi segurança da "Paratodos", da qual saiu para fundar a sua própria banca, a "Escorpião", em 93, transformada no ano seguinte na "Para o Povo".
Ele foi morto com tiros de espingarda calibre 12, no rosto. Os seus supostos seguranças levaram tiros de revólveres calibre 45 e minimetralhadora. Um automóvel Gol e uma Kombi, ambos ano 95, foram encontrados incendiados ontem na periferia de Salvador.
Dentro estavam duas minimetralhadoras, também queimadas, e uma máscara de plástico de Carnaval. A polícia acredita que as armas, os automóveis e a máscara tenham sido utilizados pelos autores do crime.
"O principal problema das investigações é o grande número de inimigos que Oliveira Filho tinha", disse a delegada Maria Emília Blanco de Oliveira, que está investigando o caso.

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