São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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PMs são acusados de nova agressão

MARCELO GODOY; CHRISTIAN CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mecânico de carros Orlei Francisco de Souza -filho do comerciante Messias Francisco de Souza, que diz ter sido torturado por PMs no último dia 18- está acusando os policiais paulistas de o terem espancado no mesmo dia.
Orlei, 34, disse que foi agredido por dois policiais dentro de um quarto onde guarda ferramentas na sua oficina, que fica na avenida Afonso Sampaio e Souza, no Parque do Carmo (zona leste).
Ele conta que estava no bar vizinho à oficina quando os policiais chegaram em dois Gols brancos e uma Veraneio. Como não o encontram, os policiais começaram a bater no seu funcionário Clodoaldo Antonucci, 26. "Dois PMs ficaram me esbofeteando e perguntando pelo Orlei", disse Antonucci.
Ele afirma que um dos dois fregueses que estavam na oficina também foi agredido. "Pisaram nas costas dele para não o deixar levantar de jeito nenhum."
Segundo Orlei, cerca de 15 policiais foram à oficina -dois deles fardados. Ele afirma que os policiais só não o eletrocutaram porque a tomada onde enfiaram os fios estava quebrada. "Um me mostrou uma foto minha e perguntou se eu conhecia", conta Orlei.
"Depois, ficavam perguntando se eu tinha matado um policial no Itaim Paulista (zona leste) e se eu estava aqui no final de semana (dias 14 e 15 deste mês)."
Orlei conta que depois de uma hora e meia de agressão foi colocado em um dos Gols e levado para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, órgão da Polícia Civil). "Estava numa salinha e quatro policiais fardados me deram chutes nas canelas. Um deles era irmão do policial morto que eles queriam que eu dissesse que matei. Não fiz nada."
Essa segunda agressão teria acontecido uma hora depois de os PMs terminarem a suposta sessão de tortura no comerciante Messias, 63, e em sua mulher, a professora Dirce Maria Anacleto, 52, porque suspeitavam, segundo o casal, que Messias havia matado um policial. "Como não confessei, pensaram que o meu filho fosse o autor."

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sobre as acusações na pág. 2

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