São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995 |
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Mamonas Assassinas: pior do que nicotina
BARBARA GANCIA
Lembra que eu prometi na coluna de sexta passada que iria fumar feito chaminé na frente do prefeito Paulo Maluf? Pois foi batata! No sábado, durante o casamento do publicitário Nelson Biondi com Silvana Tinelli, na bela fazenda Palmeiras, no interior do Estado, esta repórter cumpriu sua promessa. E o prefeito, cavalheiro que é, riu à beça e até posou para foto tirada pela noiva, ao lado desta chaminé ambulante. Isso é que eu chamo de lavar a alma! Mas, pe-pe-peraí: já que o prefeito se preocupa tanto com a minha saúde, porque ele não manda varrer das lojas o novo CD dos Mamonas Assassinas? Você não conhece os Mamonas Assassinas? Pois aposto que o boy que trabalha na mesma empresa que você conhece. Eles são o hit do momento entre a molecada de oito a 20 e poucos anos. Trata-se de uma porcaria de uma banda de deixar até o João Gordo com cara de coroinha. Sinta o drama de uma das músicas deles, chamada "Vira-Vira": "Oh Maria essa suruba me excita, arrebita, arrebita, arrebita, então vá fazer amor com uma cabrita, mas Maria isto é bom que te exercita. Bate o pé, arrebita, arrebita. Manoel tu na cabeça tem titica, larga de p... e vá cuidar da padaria". Veja outra, intitulada "Jumento Celestino": "Me alevantei', o dono da mula gritando, o povo em volta tudo olhando, e ninguém pra me socorrer. Fugi mancando e a multidão se amontoando, em coro tudo gritando: 'Baiano 'cê vai morrer!"' A letra de "Sabão Crá-Crá", então, é tão nojenta que não dá para publicar aqui um verso sequer. Muito bem. Costumo dizer que a única coisa que ainda consegue me chocar nos dias de hoje é eletricidade. Pois não é excesso de pudor o que me deixa irada com esse grupelho que a EMI achou por bem lançar no mercado fonográfico. O que me deixa tiririca é a pobreza de espírito de uma juventude racista e de uma vulgaridade ímpar. Quando os fãs dos Mamonas Assassinas assumirem o poder, quero estar morando na Patagônia. Texto Anterior: Policiais alegam legítima defesa Próximo Texto: Confusão; Golpe de mestre; Nome trocado Índice |
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