São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Usinas de álcool buscam 'saída' para setor

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de cem produtores de açúcar e de álcool se reuniram ontem em São Paulo para discutir uma proposta conjunta de desenvolvimento de longo prazo para o setor.
O encontro, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), teve o objetivo de acabar com as disputas internas e criar uma proposta da indústria sucro-alcooleira para ser encaminhada ao governo federal.
A falta de consenso resulta do tratamento diferenciado que o próprio governo dá às várias indústrias que compõem o setor, afirma Werther Annicchino, presidente eleito do Sindicato dos Produtores de Açúcar de São Paulo.
A principal questão discutida é a definição de uma política de preços para o álcool combustível que recupere a defasagem estimada em 25% pela AIAA (Associação das Indústrias de Açúcar e de Álcool do Estado de São Paulo).
"É preciso uma política de tarifas de longo prazo que incentive a iniciativa privada, porque hoje as usinas estão tendo prejuízo", diz José Pilon, presidente da AIAA.
A dívida dos cerca de 350 produtores brasileiros de açúcar e de álcool está hoje em US$ 2,5 bilhões, segundo Pilon.
Outra reivindicação é uma diferença maior entre os preços do álcool e da gasolina. Atualmente, a diferença varia conforme a região. No Estado de São Paulo, por exemplo, está em 18%.
Os representantes do setor querem ainda que 15% da produção automobilística nacional seja de veículos movidos a álcool.
"Isso depende do governo incentivar o uso do combustível, porque demanda para isso existe", afirma o presidente da AIAA.
O Proálcool, criado em 1975 (governo Ernesto Geisel), conseguiu fazer com que 95% dos veículos produzidos no país fossem movidos a álcool. Mas isso foi em 1986. Hoje apenas 3% da produção nacional utiliza o combustível.
O governo de Fernando Henrique Cardoso já demonstrou interesse em retomar o Proálcool.
Na semana passada, foi criada a Comissão Interministerial de Álcool, que definirá até o fim do ano os novos rumos do programa.
A ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) afirmou, na época da formação da comissão, que a nova política para o setor levará em conta preços, subsídios e financiamentos.
Com novo fôlego ao Proálcool, o governo pretende negociar com as montadoras o aprimoramento dos motores a álcool, que hoje consomem mais combustível do que os veículos a gasolina.
Hoje são produzidos no país anualmente 13 bilhões de litros de álcool combustível. Pilon afirma que a indústria tem capacidade para produzir 16 bilhões de litros.
Com o intuito de conhecer melhor o setor, um grupo de parlamentares vai visitar, na próxima sexta-feira, o Centro de Tecnologia Copersucar, em Piracicaba.

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