São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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Atividade industrial cai 5,1% em SP

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de atividade da indústria paulista caiu 5,1% em setembro em relação a agosto. Comparado a setembro do ano passado, a queda é ainda maior, 13,1%.
Os dados, ainda preliminares e sujeitos a alterações, foram divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e são informações dessazonalizadas.
Isso significa que a produção decorrente das encomendas de final de ano, por exemplo, e que, portanto, ocorrem todos os anos, não entram no cálculo.
As vendas reais do setor (descontada a inflação) também recuaram em setembro, ficando 4,4% menores do que as de agosto.
O diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Boris Tabacof, afirmou ontem ter se surpreendido com o resultado negativo apresentado pela indústria.
"Esperávamos que setembro registrasse estabilidade no nível de atividade, por conta da política econômica e dos ajustes de estoques por parte das empresas", disse Tabacof.
A lentidão da indústria em responder aos estímulos do governo -redução dos compulsórios e queda gradual dos juros- tem a ver com dificuldades de crédito.
"Está havendo certa demora na filtragem (por parte do setor financeiro) dos créditos tanto para a indústria quanto para o comércio", afirmou.
Além disso, o índice da Fiesp foi fortemente afetado pelo desempenho da indústria automobilística, que em setembro produziu 16,5% menos do que em agosto.
Segundo sondagem feita recentemente pela Fiesp, os principais setores da indústria paulista esperam que outubro seja melhor ou, no mínimo, igual a setembro.
Parte desse otimismo é explicado por Tabacof pelo ajuste de estoques que já ocorreu nas indústrias. E pela queda no índice de inadimplência (falta de pagamento), que também atingiu o setor.
No ano, o nível de atividade da indústria paulista (42% da produção brasileira) deve registrar crescimento entre 4% e 4,5%.
A indústria brasileira, de acordo com estimativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deve crescer 3% em 95.
No levantamento realizado pela federação das indústrias, aparece ainda em setembro uma queda de 1,3 ponto percentual na utilização da capacidade produtiva.
A indústria estava trabalhando com 76,2% de sua capacidade em setembro, contra 78,5% no mês anterior. De acordo com a Fiesp, o salário real médio pago pela indústria caiu 3,2% em setembro sobre o mês anterior.
Terceira fase
Boris Tabacof diz acreditar que a economia entrou atualmente na terceira fase do Plano Real.
Pelo raciocínio, a primeira fase, de julho de 94 a maio deste ano, foi de forte crescimento. A segunda, de junho a agosto, de retração da atividade econômica.
"Agora entramos no período de estabilidade da economia, que só vai voltar a crescer quando as reformas constitucionais saírem", avalia o diretor da Fiesp.

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