São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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Haja assessor

Já se tornou um lugar-comum dizer que os deputados federais dispõem de uma ampla gama de assessores. Nada mais verdadeiro, cada deputado dispõe de uma verba de R$ 10 mil mensais que lhe permite contratar de 5 a 16 assessores, a seu critério. Além disso existem os assessores legislativos concursados, que também prestam auxílio aos parlamentares.
Assim, fica difícil entender por que a Casa contratou, a um custo de cerca de R$ 16 mil mensais, o Instituto de Pesquisas, Estudos e Assessoria do Congresso (Ipeac) para elaborar discursos e requerimentos para os deputados, funções para as quais eles já contam com número expressivo de assistentes. Fica porém mais fácil entender quando se considera que o presidente do Ipeac é o ex-deputado Daso Coimbra.
Também é difícil aceitar como a Mesa Diretora da Casa, diante da greve acusação de que o Ipeac teria cometido fraude na elaboração de um discurso, tenha decidido romper o contrato com o instituto, mas só a partir de janeiro de 96. Ou bem o Ipeac de fato cometeu a fraude, o que exigiria o rompimento imediato, ou então é inocente e não haveria razões de ordem legal para romper o contrato, embora sobrem as de ordem moral.
Resta saber por que, com tantos assessores, a Câmara contrata um instituto especializado em dar mais assessoria para os deputados? Pior, assessoria com direito a plágio.

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