São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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Aventureiros ensinam executivo a gerenciar

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles vivem uma vida de aventuras. Quando voltam, ganham dinheiro contando suas histórias para executivos ávidos por técnicas inovadoras de gerenciamento.
É só navegadores -como Amir Klink e a família Schürmann- ou alpinistas -como Nicolau Niclevicz- chegarem de viagem que começa o assédio das empresas.
Além do espírito de aventura, eles têm em comum uma agenda cheia -duas ou três palestras por semana- e um livro publicado -invariavelmente entre os dez mais vendidos na semana.
Nas empresas, contam como superaram as dificuldades na viagem. A analogia é imediata. O objetivo é motivar os profissionais a vencer obstáculos no trabalho.
"Perder os mastros em uma tempestade e ficar 11 dias à deriva requer autocontrole, agilidade e espírito de equipe. O mesmo acontece quando um executivo se deparar com mudanças repentinas no mercado de trabalho", diz o navegador Vilfredo Shürmann, 46.
Ele e sua mulher, Heloísa, 47, viveram dez anos com os filhos navegando pelo mundo a bordo do veleiro Guapos. Cobram R$ 4.000 por um "Seminário Shürmann".
"Os profissionais das empresas não fazem perguntas exatamente sobre o que falei, mas sobre o que é relacionado à realidade deles", conta o também navegador Amir Klink, 40, que cobra R$ 4.700 por palestra e faz até 200 por ano.
O alpinista Waldemar Niclevicz, 29, faz palestras desde maio, quando se tornou o primeiro brasileiro a atingir o topo do Everest, a maior montanha do mundo.
Ele afirma que a palestra -pela qual cobra R$ 3.000- não dá bons resultados sozinha, mas acompanhada por um programa maior. "O profissional deve trabalhar as idéias que recebe."
Mas nem só aventureiros são convidados a dar palestras em empresas. O autor de "Mauá - Empresário do Império", Jorge Caldeira, 39, faz aproximadamente duas conferências por semana.
Com formação em sociologia, Caldeira é também jornalista -com experiência na área econômica. Seu livro é a biografia do Barão de Mauá, "o primeiro grande empresário brasileiro".
"Nem conhecia esse hábito de palestras", diz o escritor, que acha positivo que pessoas de fora falem a executivos. "É uma tendência forte e importante. É o fim do clima fechado na empresa."

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