São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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"No Brasil isso é modismo", diz consultor

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns consultores têm opiniões críticas sobre palestras de aventureiros. É o caso de Gutemberg Brito de Macedo, 50, da Gutemberg Consultores.
"No Brasil isso é muito aplicado por modismo. É a maior parte dos casos, na minha opinião", afirma o consultor. "É um desperdício de tempo e de dinheiro."
Segundo ele, os executivos procuram ouvir histórias e experiências inusitadas que depois podem ser aplicadas no dia-a-dia da empresa ou mesmo na vida pessoal.
"Mas o que tenho visto é que a maioria dos executivos não aplica. Eles escutam, acham bonito, aplaudem, mas não praticam", diz, aproveitando para alfinetar os consultores adeptos do método: "São fazedores de média".
Segundo o consultor, a prática de relato de aventuras a executivos é semelhante à do "treinamento radical" -o executivo é levado a algum local para, por exemplo, escalar e pular de árvores.
"São coisas que se aplicam muito mais a uma novidade norte-americana, onde os homens têm a experiência da guerra, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra do Vietnã", exemplifica.
"Com raras e honrosas exceções, o executivo brasileiro entrou no quartel. Não sabe o que é fuzil, não sabe o que é rastejar."
O consultor Simon Franco, 56, da Simon Franco Recursos Humanos, não tem uma opinião tão radical. Ele concorda que, isoladamente, as empresas não vão conseguir incorporar lições baseadas em relatos de aventura.
"Na base só da informação, não dá resultado. É preciso uma sensibilização maior", afirma. Para o consultor, as empresas fazem "muito bem" em convocar aventureiros para palestras.
"O importante, então, é trabalhar intensamente para chegar à ação e não ficar só na informação." Para isso, Simon defende que a palestra seja um item de todo um programa de mudança comportamental.
(LPz)

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