São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995 |
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Maracanã volta a recepcionar um clássico
ALBERTO HELENA JR.
Não duvido, já que, sobretudo o Flamengo, no Maracanã, sempre se agigantou. Timinho ou timaço, pouco importava. Ao pisar no gramado, o Flamengo vestia uma couraça intrespassável, ganhava vida e, inevitavelmente, o jogo. Mas este Flamengo do ataque dos sonhos tem seus males expostos muito claramente aos olhos de quem queira ver. E não se trata de nostalgia do Maracanã, embora seja um mal do espírito. Do espírito de luta, do espírito profissional de suas mais cintilantes estrelas, como Edmundo e Romário, do espírito de solidariedade e de uma arrumação tática mais condizente com a realidade. Já o Vasco é um enigma. Dispõe de um elenco que deixaria qualquer técnico entusiasmado, principalmente com Carlos Germano e Valdir. Mas, na prática, oscila entre o céu e o inferno. Quem sabe, a reabertura dos portões do Maracanã não venha a ser o gesto mágico que tocará as almas de Fla e Vasco? Se for assim, o que estará à espera do tricolor lá em Ribeirão, no Palma Travassos, onde terá de enfrentar o Corinthians, num clássico de igual porte do carioca, enquanto olha para trás e vê seu Maracanã, o Morumbi, de portas cerradas? Creio que, apesar disso, alguma esperança: o Corinthians, embora líder, não vem jogando bem. E sem o lateral Silvinho, terá de se arranjar com Elivélton deslocado, como ala, um eufemismo que disfarça a falta de prática e jeito para marcar do ponta improvisado no setor. Ora, como o tricolor tem por ali um ponta veloz, habilidoso e agressivo como Almir, a lógica sugere que haverá um caminho suave para o São Paulo vencer seu maior empecilho: a aridez de seu ataque. Mais ainda: os poucos minutos que a indignidade do Cruzeiro permitiu ao São Paulo exibir seu futebol, no meio de semana, foram entusiasmantes. O time tocou a bola com rapidez e fluência, criou quatro chances de gol e marcou um, com Palhinha dando sinais de recuperação. Mas tudo isso é apenas conjectura. Afinal, do outro lado, estará o Corinthians. E Carlos Alberto caiu. De maduro. Claro que não foi pelo gesto prudente de escapar do Parque e das más palavras logo após à torturante vitória sobre o Goiás, na quarta-feira. Carlos Alberto ficou balançando num fio tênue desde quando perdeu aquele fatídico jogo contra o Grêmio, que o eliminou da Libertadores. A Libertadores era a menina dos olhos do Palmeiras e da Parmalat, e expor seu time à goleada acabou sendo fatal para Carlos Alberto. Além do mais, boa parte do time não lhe creditava competência suficiente. Esta é a verdade. Texto Anterior: Ribeirão Preto tem jogo de 'invictos' Próximo Texto: Mudanças Índice |
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