São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mudanças

SÍLVIO LANCELLOTTI

Uma robusta fonte da Fifa me antecipou: a entidade não vai aprovar a falta coletiva, a se cobrar da meia-lua da área do infrator, sempre que um time cometer sua 13ª violação no campo de defesa.
A norma faz parte do regulamento ainda oficioso do próximo Paulista, que, segundo a FPF, tem por escopo diminuir a violência e aumentar o tempo de cada partida.
Além disso, objetiva tornar o futebol um esporte mais televisivo, o interesse preservado até os últimos instantes de um jogo.
A Fifa não nega que o conceito gerador da norma esteja certo. Mas pergunta, com razoável razão: por que 13, em vez de 12 ou 14?
De acordo com a fonte, cada torneio do planeta tem média diferente de infrações por jogo. Sem estudo aprofundado, não há como se estabelecer um número capaz de compartilhar, equilibradamente, certames das quase 200 países.
Na Itália, por exemplo, são 39 as infrações por partida, mas, em alguns cotejos, o número se exacerba. No último domingo, Sampdoria e Fiorentina, juntas, cometeram 75 faltas.
A média da Alemanha, até o meio desta semana, era de 34. A da Espanha, 33. A da Inglaterra, 26. A média das três copas européias era de 32.
Quando observei que a média do Brasileiro está na casa dos 25 por time, o meu interlocutor de Zurique ironizou: "Vocês não precisam de uma nova regra. Necessitam, sim, de atletas com mais 'fair play' -e de árbitros melhores".
Por causa do comentário, digamos, entre divertido e insidioso, o interlocutor pediu que não revelasse sua identidade. E garantiu que a Fifa vai analisar o tema e encaminhá-lo ao International Board.
Único problema: o Board apenas se reunirá para debater a idéia em março de 1996.
Composto, tradicionalmente, por velhos senhores, representantes da Escócia, da Inglaterra, da Irlanda do Norte e do País de Gales, mais quatro indicados pela Fifa, o Board, sempre conservador, dificilmente cria modificações radicais nas regras do futebol.
Levou oito anos, por exemplo, até aceitar que um jogador na mesma linha do penúltimo adversário não está em impedimento. Levou seis para formalizar o uso dos cartões amarelo e vermelho.
Para o Board, o assunto crucial do encontro de março será a implantação experimental, em algum torneio menor, de traves maiores do que as atuais, 2,44 m por 7,32 m, tema que os seus caciques já discutem faz duas décadas.

Texto Anterior: Maracanã volta a recepcionar um clássico
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.