São Paulo, domingo, 29 de outubro de 1995
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Saiba o que foi a explosão cambriana

HELIO GUROVITZ
DA REDAÇÃO

O naturalista Charles Darwin não acreditava que todas os grupos conhecidos de animais pudessem ter surgido de uma vez, no curto período de tempo que ficou conhecido como explosão cambriana.
"O caso presente deve continuar inexplicável", chegou a escrever sobre o assunto. Segundo Darwin, o fenômeno era causado provavelmente por falhas nos registros fósseis.
À medida que novos fósseis fossem descobertos, dizia Darwin, os cientistas seriam capazes de estabelecer que houve uma expansão lenta e gradual das espécies.
Novos fósseis foram descobertos, e, para desgosto de Darwin, só houve mais e mais indícios de que a explosão cambriana realmente ocorreu.
Hoje quase todos os cientistas concordam e só parecem ter um ponto em comum com o naturalista britânico: ignorância sobre o que teria causado a tal "vida maravilhosa de Stephen Jay Gould".
"Até agora não conseguimos identificar um único fator como o maior responsável", diz o pesquisador sueco Lars Ramskõld.
Antes da explosão do início do período cambriano, praticamente não há evidência de nenhuma forma de vida complexa, apenas de algas e organismos primitivos.
Então, de ancestrais primitivos, houve uma irradiação da vida, durante um período de no máximo 10 milhões de anos, que produziu virtualmente todos os grupos de seres vivos conhecidos até hoje.
Na época, toda a vida estava no mar. "Não sabemos o que disparou a explosão", diz Ramskõld.
Segundo ele há várias teorias que tentam explicar as causas. "Há tantas teorias quantas as que procuram explicar o fim dos dinossauros (que desapareceram cerca de 460 milhões de anos depois)."
Algumas delas atribuem o episódio a uma conjunção de fatores. Entre eles, um dos mais importantes teria sido o aumento nos níveis de oxigênio no mar, permitindo uma respiração mais eficiente e maior aproveitamento da energia.
Outro fator teria sido a competição entre os predadores pelas presas, que favoreceu evolutivamente aqueles que melhor se adaptavam por meio de mutações.
Também pode ter havido fatores externos, como mudanças na circulação dos oceanos ou o aumento na quantidade de águas rasas, mais favoráveis a formas de vida adaptadas a elas.
Para Ramskõld, assim como para Darwin, o fenômeno continua sem uma explicação satisfatória.
(HGz)

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