São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Uma mesma pessoa pode ter vários tipos de HIV em seu corpo

KATHY WOLLARD

Quando cientistas descobriram, em 1984, que o HIV, o vírus de imunodeficiência humana, causava Aids, eles acreditaram que uma vacina efetiva iria demorar até dois anos para ser desenvolvida.
Mas não foi bem assim. O principal tipo de vírus que causa a Aids, o HIV-1, muda rapidamente no corpo humano. Uma mesma pessoa pode ter várias versões diferentes do vírus em seu corpo.
Algumas vacinas de HIV devem ser desenvolvidas e as pessoas estarão protegidas apenas do tipo de HIV de sua própria vacina.
Uma vacina geralmente faz uso de fragmentos de vírus ou todo o vírus morto. Com uma dose de vacina, se o verdadeiro vírus entrar no organismo, o sistema imunológico é acionado para destruí-lo.
Ninguém quer expor, deliberadamente, uma pessoa vacinada ao HIV -a vacina pode não funcionar. Por isso, os cientistas retiram o sangue de voluntários vacinados e misturam seu anticorpos com o sangue misturado com HIV.
Com muitas vacinas de HIV testadas, o sistema imunológico (anticorpos) foi ineficiente.
Mesmo que os anticorpos desativem o HIV em testes, isso não é prova de que a vacina funcionará em uma pessoa. Somente vacinando várias delas é que se saberá o quanto a vacina funciona.
Mas, mesmo assim, descobrir se a vacina faz efeito ou não é complicado. Digamos que você eduque pessoas vacinadas sobre como evitar a contaminação e elas sigam as orientações corretamente.
Você não saberá se foi a vacina que preveniu a doença ou se forma os cuidados tomados pelas pessoas.
Mas, se a vacina for testada em pessoas com alto risco de contaminação, como usuários de drogas injetáveis, elas podem acabar pegando Aids por um senso de segurança.
Por isso, quando uma companhia apresenta uma nova vacina para ser testada em milhares de pessoas, os cientistas do governo devem decidir se vale a pena.
Se eles concluem que a vacina é apenas 30% eficaz, devem considerar mais os problemas checados do que os possíveis benefícios.
Como resultado, os laboratórios -que estão no negócio para obter lucros- geralmente pensam que essa decisão significa um retrocesso em suas pesquisas.
Por que deveriam investir grandes somas de dinheiro desenvolvendo vacinas, dizem eles, se o governo não as testa? Assim, o debate não tem fim.
Devemos lembrar que a Aids é mais fácil de prevenir do que a pólio e o sarampo, antes da descoberta de suas vacinas.
Fazendo testes com frequência e seguindo a orientação médica sobre como evitar o contágio, podemos prevenir novos casos. Afinal, não podemos depender apenas de uma vacina; temos de ter responsabilidade por nosso comportamento.

PERGUNTAS PARA KATHY WOLLARD devem ser enviadas em inglês para: P.O.Box 4564, Grand Central Station, New York, N.Y. 10163.

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