São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mudanças nos telejornais tornaram todos parecidos

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em tempos de diversificação de canais, os telejornais das maiores emissoras passam por redefinições gráficas, editoriais, de horário e de apresentadores. Em vez de trazer opções aprimoradas, as mudanças fazem programas anteriormente tão diferentes como o "Aqui, Agora" e o "Jornal Nacional" ficarem mais parecidos.
O "Aqui, Agora" sofre as ameaças de padronização sugeridas ao SBT por uma uma empresa de consultoria de Detroit, nos Estados Unidos. Ameaçado de extinção, acabou resistindo em versão pasteurizada para o horário vespertino das 13 horas. Já o "Jornal Nacional" importou Lillian Witte Fibe do "Jornal da Globo" em pleno momento de indefinição editorial. Limitada à leitura de notícias e introduções de matérias, ao lado de Cid Moreira, a comentarista econômica destoa.
O "JN" procura definir uma agenda de notícias menos centrada nas ações governamentais. Opta pela denúncia de casos pontuais de inadimplência do serviço público em cidadezinhas do interior do Brasil. Dedica mais espaço à cobertura de sequestros e delegacias.
Já o polêmico e popular telejornal do SBT acaba de abandonar sua original cor vermelha, tão coerente com sua linha de noticiário ágil e ao vivo, pela convencional neutralidade do azul. E na frieza da cor azulada, os dois telejornais se aproximam.
No "Aqui, Agora", as reportagens gravadas com câmeras leves, por cinegrafistas que acompanhavam "a vida como ela é" no calor da hora, quase sem edição, com longos planos sequência, foram substituídas por outras mais bem comportadas e curtas.
A narração ao vivo foi quase toda substituída por narrações em off que costuram as diversas partes de uma reportagem. Ao fim, as informações são como que sintetizadas em curtas edições de pedaços dessas imagens.
Embora o "Aqui, Agora" não tenha abandonado totalmente os assaltos, as revoltas nas cadeias, os tumultos nas delegacias e julgamentos, esses temas policialescos, que tanto fazem o gosto do público do jornal, perderam peso para temas como as maravilhosas pipas japonesas, a casa dos horrores do Playcenter e a Floresta Mágica de plástico do Shopping Ibirapuera.
É uma pena que justamente quando o "Jornal Nacional", ainda que timidamente, deixa de lado a linha "Hora do Brasil" que o caracterizou por décadas, o "Aqui, Agora" caminhe no sentido contrário, deixando de explorar as muitas possibilidades não necessariamente sangrentas oferecidas por seu formato ágil.

Texto Anterior: 120 empresas aprovaram projetos
Próximo Texto: Jane entra no reino da cultura física
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.