São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Jane entra no reino da cultura física

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A idéia de símbolo sexual pode ser uma fatalidade traiçoeira para algumas atrizes (Marilyn Monroe, Rita Hayworth), um estigma para outras (Sylvia Kristel), ou um rótulo vazio.
É nesse caso que se encontra Bo Derek, o motivo quase único para alguém assistir a "Tarzã, o Filho da Selva" (SBT, 13h30).
Desde que apareceu efetivamente (em "Mulher Nota Dez"), no fim dos anos 70, Bo fazia lembrar Ursula Andress, tanto pelo tipo de beleza como pelo físico saliente e pela ossatura que parecia. Ambas são, de certo modo, precursoras de um tipo de beleza que se consolidou na era da ginástica.
A semelhança era ressaltada pelo fato de terem um marido em comum. John Derek, ex de Ursula, bandeou-se para Bo.
O que as separa: primeiro, a entrada triunfal de Ursula Andress no filme inaugural da série 007, em 1962 -ou antes, a cena em que ela sai do mar. Depois, Ursula tinha uma presença que nunca se chegou a notar em Bo Derek.
Por fim, se a carreira de Ursula Andress não chega a ser notável, isso se deve em parte ao fato de, como ela mesma disse, ser um tanto preguiçosa e ter pouco interesse pelo ato de filmar.
Bo Derek está em outra categoria. Toda sua carreira foi submetida ao marido. E John Derek -ator razoavelmente promissor na virada dos anos 40 para os 50- é um diretor bastante limitado.
Toda sua empreitada, ao lado de Bo, parece se limitar a lances de marketing, como neste Tarzã em que ela faz uma Jane interessada no físico de Tarzã/Miles O'Keefe.
Tarzã é um pretexto. O filme é de Bo. Mas o filme é, antes de tudo, motivo para exposição de cultura física. Funciona nesse sentido. Seria melhor se os heróis, Jane sobretudo, se deixassem contaminar pelo calor africano.
(IA)

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