São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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FHC busca parceria entre os "pobres"

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Brasil não pode dar-se ares de primeiro mundo, que não seriam verdadeiros", diz o presidente ao explicar sua presença em Buenos Aires, para a 5ª reunião de cúpula do G-15 (Grupo dos 15).
É um conglomerado que o embaixador brasileiro na Argentina, Marcos Azambuja, define com bom humor como "o G-7 dos que têm pouco dinheiro".
É uma alusão ao grupo de sete países mais ricos do mundo, do qual o G-15 tenta funcionar como contraponto.
Surgido em 1989, o G-15 é um grupo que, durante a guerra fria, pretendia-se equidistante dos dois blocos dominantes, o capitalista e o comunista. Fazem parte dele os seguintes países: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Peru, Senegal, Venezuela e Zimbábue.
A contrapartida da presença do presidente brasileiro em um grupo tão tremendamente heterogêneo é o que FHC define como "respaldo desses países ao Brasil no plano internacional".
Por trás da linguagem cautelosa, leia-se: suporte para que o Brasil ganhe um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), quando for feita sua reforma.
O Conselho de Segurança da ONU é o coração político do sistema internacional, hoje um feudo dos cinco membros permanentes com direito a veto (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França).
Os chefes de governo do G-15 vão propor também um diálogo direto com o G-7 para discutir a agenda internacional, a mesma que será mencionada no comunicado final da reunião.
O texto, já pronto, expressa firme apoio à necessidade de uma reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional), sobretudo no que toca a recursos adicionais para financiamentos de emergência.
O FMI utilizou esse tipo de financiamento para montar a operação de socorro a um dos membros do G-15, o México, quando este quebrou em dezembro passado.
Mas as próprias autoridades do fundo admitem, abertamente, que, se o contágio da crise mexicana se ampliasse, não haveria dinheiro suficiente para socorrer as demais vítimas.
Para FHC, o encontro de Buenos Aires é mais uma oportunidade de exercitar a chamada diplomacia pessoal. Trata-se de encontros diretos com governantes de outros países, para uma troca de idéias com agenda livre.
Em Buenos Aires, haverá duas ocasiões para tanto. Uma será amanhã, segunda-feira, em almoço que FHC oferece aos chefes de delegações na embaixada brasileira, na qual ficará hospedado.
A outra será no dia seguinte, reservado pelo anfitrião, o presidente argentino Carlos Menem, para uma troca aberta de idéias entre os representantes de todos os países.

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