São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Ministro deixou empresa privada há apenas um mês

Clóvis Carvalho diz que pretendia garantir benefícios

FREDERICO VASCONCELOS
EDITOR DO PAINEL S/A

O ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, somente se desligou do cargo de vice-presidente das empresas Villares no dia 28 de setembro último.
Ele diz que, antes de assumir as funções no governo, ainda no Ministério da Fazenda, pediu o afastamento da Villares, quando se licenciou sem vencimentos.
Carvalho diz que continuou como vice para ter garantidos os benefícios do fundo de pensão da Villares. "Não podia pedir demissão, porque perderia direito ao fundo depois de ter trabalhado 17 anos na empresa."
Carvalho explica que tinha de aguardar completar o período exigido para fazer jus aos benefícios.
Na última sexta-feira, foram publicadas as atas da assembléia da Villares, de 28 de setembro de 1995, quando foi aprovado o desligamento de Carvalho "a partir desta data, em razão de reestruturação organizacional".
Segundo o advogado Ives Gandra Martins, quando um vice-presidente se licencia, suas funções passam para outra pessoa. "Do ponto de vista jurídico, não vejo problema se ele continuou como vice-presidente por causa dos benefícios."
Como o fundo de previdência da Villares é uma entidade privada, a empresa pode ter continuado a contribuir em nome do diretor, que não estava mais na função. O que não criaria problemas legais.
Carvalho diz não temer eventuais interpretações sobre seu relacionamento com a Villares e pelo fato de que o governo aguarda pedido de informações do Congresso sobre a situação de membros do Executivo em relação a atividades anteriores na iniciativa privada.
"A Casa Civil é justamente a porta de entrada para esses pedidos, e estamos aguardando. É um direito do Congresso", diz.
Carvalho nega qualquer intervenção, no governo, a favor da Villares. Levantamento feito pela Associação dos Engenheiros da Petrobrás afirma que ele foi citado na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
O deputado federal Augusto Carvalho (PPS-DF), segundo a entidade, questionou empréstimo de US$ 16 milhões do Banco do Brasil à Villares. O ministro, ainda segundo a mesma entidade, teria pressionado o banco.
"Não tenho nada a ver com isso", diz Carvalho.

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