São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995 |
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Sem-terra fecham acordo com governos
JOSÉ MASCHIO; LUIZ MALAVOLTA
O acordo prevê o assentamento de 2.100 famílias de sem-terra em áreas devolutas na região até 30 de junho de 1996, crédito de custeio de R$ 2,1 milhões a ser liberado até o final deste mês e a destinação de área da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) para a construção de um centro de treinamento agrícola para os sem-terra. Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, tentou evitar que o movimento assumisse o compromisso de não invadir novas áreas, mas foi pressionado pelo governador a assumir publicamente a negativa de novas ocupações. Em duas horas de discussão, as lideranças do movimento apresentaram quatro reivindicações ao governador Mário Covas e ao presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Francisco Graziano Neto. Eles pediram o assentamento de 2.100 famílias até o final deste ano, crédito para custeio no valor fechado no acordo, a cessão da área da Cesp para o centro de formação e a intervenção dos governos estadual e federal para a liberação dos líderes presos, Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto e o relaxamento das prisões preventivas decretadas contra Laércio Barbosa e José Rainha Jr. O governador Mário Covas disse que a proposta do governo paulista prevê o assentamento de 1.050 famílias até 31 de dezembro. Segundo o governador, era o máximo “que podia ser cumprido para ninguém ser chamado de mentiroso”. O MST acabou aceitando o número proposto pelo governador. Pelo acordo firmado, as outras 1.050 famílias serão assentadas em duas etapas, metade até 30 de março de 1996 e as demais até 30 de junho de 1996. Covas liberou ontem R$ 1 milhão (R$ 600 mil do Banespa e R$ 400 mil da Nossa Caixa) para crédito de custeio e se comprometeu a “arrumar o resto”, R$ 1,1 milhão, até o final deste mês. O presidente do Incra disse que o órgão irá liberar R$ 240 para as famílias “tão logo elas sejam selecionadas pelo MST e pelo Estado”. O governador Mário Covas disse que a quarta reivindicação dos sem-terra tratava de uma posição do Judiciário “e não cabe ao Executivo interferir em outro Poder”. Graziano prometeu às lideranças do MST que nesta semana o governo envia ao Congresso um conjunto “de medidas para aprimorar a legislação da reforma agrária”. Colaborou LUIZ MALAVOLTA, da Agência Folha Texto Anterior: RIO; MOSSORÓ; SÃO PAULO Próximo Texto: Fazendeiros contestam governo Índice |
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