São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
Próximo Texto | Índice

Cabra ajuda Nordeste a combater fome

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Para milhões de nordestinos, castigados pela pobreza e pela seca, a criação familiar de cabras e ovelhas ajuda a sobrevivência.
Cerca de 22% da população rural da região cria cabras, segundo cálculo do economista Lucindo José Quintans, 48, um pesquisador dos problemas do semi-árido.
Com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Quintans estima que 912 mil famílias (4,1 milhões de pessoas) na região dependem da criação de cabras e ovelhas.
Nos últimos anos, a criação tornou-se também uma alternativa econômica para o sertão.
Criar cabras hoje, em áreas secas, pode ser um negócio rentável, tanto para trabalhadores rurais e pequenos lavradores, como para médios e grandes fazendeiros.
Resistente à seca, a cabra se adapta com facilidade às condições adversas da região e suporta a escassez de alimento. Prova disto é que 91,4% do rebanho caprino brasileiro está no semi-árido nordestino -9,6 milhões de cabeças, de acordo com o IBGE.
A caprinocultura movimenta por ano 1% do PIB (Produto Interno Bruto) nordestino, cerca de R$ 1 bilhão.
Em regiões muito secas, como o Cariri paraibano (veja mapa), a população pobre encontra na criação a principal fonte de renda.
As famílias se alimentam com leite, queijo, carne e miúdos, ricos em proteínas. Vendem a pele e utilizam o esterco nas hortas.
A caprinocultura é uma atividade em expansão no sertão. O Brasil, segundo Quintans, tem um bom mercado para a carne de cabras, leite e derivados.
"Há interesse também dos países do Mercosul e da União Européia, principalmente no leite e pele de cabras", diz ele.
Empresários uruguaios, franceses e italianos manifestaram ao governo paraibano interesse em adquirir leite em pó e peles. O governo decidiu implantar no Cariri uma usina de beneficiamento de leite em pó, que deverá estar funcionando no próximo ano.
"A usina comprará toda a produção de leite da região, para transformá-lo em pó destinado à exportação", diz Quintans.

Próximo Texto: Criação atende ricos e pobres
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.