São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Criação atende ricos e pobres

DA AGÊNCIA FOLHA

Reinaldo Oliveira dos Santos, 15, começou a trabalhar na roça quando criança. Ele cuida de três hectares, onde cria dez cabras e um bode.
A agricultura só lhe deu prejuízo este ano. Ele colheu dois sacos de milho e um de feijão.
Na casa de Reinaldo falta tudo, menos leite. Ele tira por dia três litros de leite das dez cabras que cria em Sumé (a 276 km a oeste de João Pessoa).
Santos mora com os pais e três irmãos. "Quando a gente precisa de algum dinheiro, vende uma cabra", diz. Com a cabra, ele consegue entre R$ 50 e R$ 100.
Hermínio Galdino do Nascimento, 57, mora na periferia de Sumé e cria, no quintal de sua casa, quatro cabras, dois cabritos, um bode e três ovelhas.
Com seis filhos, ele prefere criar cabras do que cuidar dos quatro hectares de roça, onde planta feijão e milho quando chove.
O agricultor só consegue dinheiro quando vende uma cabra, mas evita se desfazer de seu pequeno rebanho. "Só em caso de doença", diz.
Nascimento só mata cabra em datas festivas ou quando chega algum parente de São Paulo.
Para Manoel Dantas Vilar, a criação é um negócio rentável. Por isso, ele acabou com a agricultura nos 5.000 ha de suas duas fazendas em Taperoá (254 km a oeste de João Pessoa) para se dedicar às cabras.
Com 1.200 cabeças, Vilar produz 300 litros por dia e abastece supermercados de Recife, João Pessoa e Campina Grande. Fabrica também queijo (300 litros/mês).
O fazendeiro Sandoval Nepomuceno, 64, cria 1.400 cabras em duas fazendas em Sumé e São Sebastião do Umbuzeiro.
Nepomuceno é um dos maiores criadores do Estado. Seu rebanho de cabras nativas é destinado à produção de carne e peles para os curtumes de Campina Grande.

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