São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Ex-comunistas se aliam aos evangélicos

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ex-comunistas do PPS (Partido Popular Socialista) preparam o lançamento de 300 candidatos evangélicos para as câmaras municipais em todo o país, nas eleições do próximo ano.
O projeto dos "vereadores de Cristo" é comandado pelo grupo Movimento Evangélico Popular Socialista e tem o apoio do presidente nacional do partido, senador Roberto Freire (PE).
Até o início de 1992, quando mudou o nome de PCB (Partido Comunista Brasileiro) para PPS, o partido era de linha política marxista, pregava o materialismo como doutrina e não admitia a presença organizada de crentes em Deus.
Em pouco mais de três anos, a religião deixou de ser "o ópio do povo", como definiu Karl Marx, para se tornar um importante instrumento político no PPS.
Os evangélicos, de diferentes igrejas tradicionais e pentencostais, têm participação ativa no Diretório Nacional e na Comissão Executiva do partido.
A proposta das candidaturas para as eleições municipais é conhecido entre eles como "Os 300 Gideões Evangélicos da Esquerda Democrática".
Segundo a assessoria do senador Freire, depois da queda da orientação materialista no partido, a procura de evangélicos para militar no partido tem sido uma rotina.
O movimento que levou Jesus Cristo para meio dos ex-comunistas é comandado, entre outros líderes, pelo téologo Luis Cavalcante, que faz parte da direção nacional do PPS, em São Paulo.
No material de divulgação dos evangélicos socialistas, Cavalcante junta textos do escritor e dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956) com versículos bíblicos.
Para os líderes do movimento evangélico socialista não pode haver distanciamento entre estes dois mundos, o de Brecht e Isaías.
Bancada
Organizados em praticamente todos os partidos, os evangélicos possuem uma bancada de cerca de 30 parlamentares no Congresso.
No final deste mês, eles irão realizar o 2º Encontro Nacional de Evangélicos na Política.
Com as recentes polêmicas entre evangélicos e católicos no país, os parlamentares evangélicos acreditam que o tema religioso será um dos fortes componentes nas eleições para câmaras de vereadores e Prefeituras, em 96.
A direção da Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo, também se prepara para as disputas municipais. Os seus líderes têm anunciado o lançamento de 500 candidatos evangélicos em todo o país.

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