São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Sem-terra decidem faltar em depoimento a Justiça

Fazendeiro e MST trocam acusações por morte de bois

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PONTAL DO PARANAPANEMA

Lideranças do MST da região do Pontal do Paranapanema não compareceram ontem para depor no Fórum de Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo). Treze sem-terra são acusados de formação de quadrilha.
Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto, presos em São Paulo, deverão depor por carta precatória. José Rainha Jr. e Laércio Barbosa estão foragidos. Eles tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz Darci Lopes Beraldo no dia 27 de outubro.
Outros nove líderes deveriam prestar depoimento, em Presidente Prudente, às 13h de ontem.
Pela manhã, Gilmar Contarato, sem-terra do acampamento da rodovia que liga Sandovalina a Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo), comunicou que as lideranças não compareceriam.
Segundo ele, a decisão de não depor se devia ao fato "de que nem todos foram oficialmente intimados". "Se um não vai, não vai ninguém." O juiz esperou a chegada dos sem-terra até as 14h30. Afirmou que vai intimá-los novamente.
Ontem, a maioria dos líderes intimados passou o dia entre a fazenda São Bento -espécie de central dos sem-terra- e o acampamento na rodovia.
Enquanto isso, o fazendeiro Osvaldo Fernandes Paes e o MST trocaram acusações sobre responsabilidades pela morte, por falta de alimento, de mais de 300 cabeças de gado na fazenda São Domingos, em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo).
A posse da fazenda invadida é reivindicada na Justiça por Paes. Ele acusa os sem-terra de desfalque de mais de 300 cabeças.
Claudemir Marques Cano, do MST, acusa o fazendeiro de "matar os animais de fome e ainda querer acusar o movimento".
Os nove denunciados são Zelito da Silva, José Eduardo Gomes de Moraes, Davi da Silva, Walter Gomes da Silva, Manoel Neres dos Santos, Creuza Turatto, Claudemir Marques Cano, Jonas de Andrade Justino e Felinto Procópio.

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