São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Motta inicia hoje maratona no Congresso

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, de volta depois de 49 dias do infarto que sofreu, já tem a reeleição de FHC como um dos pontos principais de sua agenda. Ele fará hoje uma maratona pelo Congresso, visitando o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), e todos os líderes governistas.
Motta afirmou, no entanto, que "o problema da reeleição, por expressa autorização do presidente da República, não deve ter envolvimento algum do Executivo".
Segundo ele, a iniciativa deve ser do Congresso. A emenda que permite a reeleição, de autoria do deputado Mendonça Filho (PFL-PE), já foi aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
Apesar de tanto cuidado, defendeu publicamente a emenda que permite a reeleição de FHC em 1998. Disse que é "o momento correto" para discutir o projeto.
"Deixar a discussão muito para frente pode criar um casuísmo", completou o ministro.
"Eu, como cidadão, acho adequado ter reeleição. Todos os países modernos têm."
Cabe agora ao presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), instalar a comissão especial que analisará o projeto. Motta se reuniu ontem com o deputado, que assumiu interinamente a Presidência da República, em razão da viagem de Fernando Henrique para a Argentina e de seu vice, Marco Maciel, para Israel.
"Luís Eduardo vai conduzir isso (emenda da reeleição) tranquilamente. Ele vai tomar as providências para instalar a comissão."
O presidente da Câmara já afirmou que a decisão sobre a votação "é do palácio", referência ao Planalto. A intenção é ver a mudança na Constituição discutida no período de convocação extraordinária do Congresso, no fim do ano.
A estratégia é aprovar a emenda até fevereiro de 1996. A pressa se deve a dois motivos. O governo prevê que a emenda, se votada agora, contará com o apoio de prefeitos influentes, como o de São Paulo, Paulo Maluf (PPB).
As eleições para prefeitos acontecem já no ano que vem. O outro motivo é tentar evitar a oposição de candidatos à sucessão de FHC.
Ontem, Motta negou que pretenda se candidatar a prefeito de São Paulo. "Isso não está sendo cogitado", afirmou. Em seguida, voltou a se lembrar da reeleição: "Caso seja aprovada, o quadro político será outro".
Para Motta, não há risco de a emenda da reeleição paralisar a tramitação dos outros projetos de interesse do governo, como as reformas administrativa, previdenciária e tributária.
"Isso não existe. Se o Congresso decidir votar a emenda, isso só acontecerá no fim do processo de votação das reformas", disse.
A volta
Motta chegou ao Palácio do Planalto para a reunião com Luís Eduardo às 10h30. O encontro durou cerca de uma hora. Chegou ao ministério por volta das 12h30.
O ministro aproveitou a ida ao Planalto para visitar o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, e o ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho.
Foi recebido na porta do ministério por seus principais assessores. Despachou em seu gabinete enquanto almoçava e embarcou para o Rio, por volta das 14h30, para assistir à posse de Luiz Carlos Mendonça de Barros na presidência do BNDES.

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Mais sobre a posse no BNDES à página 1-6

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