São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Proer objetiva prevenir crises

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo decidiu facilitar a fusão e incorporação de bancos na convicção de que, se não fizesse isso, toparia brevemente com uma crise no sistema.
Com as medidas de estímulo às fusões, o mercado financeiro acredita que ainda neste mês seja fechado negócio de fusão entre dois grandes bancos, o Unibanco e o Nacional.
Diretores do BC, quando perguntados sobre rumores a respeito da saúde de bancos, têm citado uma lei universal: um banco, quando é malfalado, não tem saída a não ser trocar de dono.
Há bancos cuja má fama já se espalhou do mercado financeiro para o público comum, isto é, para clientes e correntistas. Estes, naturalmente, começam a procurar refúgio em bancos considerados acima de qualquer suspeita.
Daí à quebradeira são poucos passos. Nesse ambiente, novas intervenções ou liquidação direta dos bancos em dificuldades acabariam saindo mais caro para os cofres públicos do que os estímulos concedidos às fusões.
Sem contar os prejuízos ao Plano Real.
No essencial, com o Proer, o BC está barateando o processo pelo qual um banco sólido adquire um banco em dificuldades. Comprar um banco em dificuldades é comprar prejuízos.
É o caso do Econômico, cujo rombo é de R$ 3 bilhões, dinheiro que o BC já colocou lá. Todos os interessados querem comprar o Econômico sem o rombo. Assim, a alternativa do BC é assumir o prejuízo e entregar o Econômico limpo, ou não vender e ficar com o prejuízo dos R$ 3 bilhões e mais o que custaria fechar o banco.
O Proer permite que o comprador do Econômico abata do Imposto de Renda da nova instituição aqueles R$ 3 bilhões, desde que isso não ultrapasse 30% do lucro líquido.

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