São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995 |
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"Crime foi ato de loucura solitário"
DANIELA PINHEIRO
Para ele, o assassinato de Yitzhak Rabin foi "um ato de loucura" isolado e não comprometerá as negociações de paz no Oriente Médio. Expressando-se com a voz embargada e os olhos que por duas vezes se encheram de lágrimas, Keinan disse que Rabin sabia dos riscos. "Acordos de paz oferecem perigo", disse. A seguir os principais trechos da entrevista. Folha - O acordo de paz no Oriente Médio pode ser prejudicado com a morte de Rabin? Yaacov Keinan - Não sou profeta. Mas, pessoalmente, acho que as fundações já estabelecidas por Rabin não serão abaladas. Depois do que aconteceu, é bem possível também que mesmo os israelenses com dúvida, e existem muitos, passem a perceber a necessidade de encontrar a paz. Folha - O sr. acredita que o assassino era um desses incrédulos sobre o acordo de paz? Keinan - O assassino não representa nada em Israel. Existem ortodoxos israelenses, claro. Mas assassinatos políticos são uma proibição judaico-israelense. Folha - O assassinato de Rabin não foi um sinal de que algo não vai bem nas negociações? Keinan - O que aconteceu foi um ato de loucura representativo da loucura e só. Nunca uma tendência política responsável. Por essa razão, o caso não passa pelas negociações de paz. Folha - O assassino disse que Rabin era um "traidor"... Keinan - Eu conheci Rabin nas relações de trabalho. Era uma pessoa de caráter forte, que sabia exatamente o que queria e sabia expressar seus pensamentos em uma linguagem clara e popular. Quem o chama de traidor não entende nada sobre o mundo, sobre a paz, sobre a importância histórica de sua própria nação. Folha - O sr. acha que houve falha na segurança de Rabin? Keinan - Eu não sei e não posso discutir isso a 13 mil quilômetros de distância. Texto Anterior: Morte divide os judeus de NY Próximo Texto: Comissão apura possível falha de segurança Índice |
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