São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Entenda qual é a importância do caso

DA REPORTAGEM LOCAL

Porque o assassinato do primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, é um fato tão importante, ao ponto de levar dezenas de líderes mundiais ao seu funeral?
Israel tem grande importância geopolítica, isto é, no conjunto de relações que formam uma região.
O Oriente Médio, maior centro produtor de petróleo, é uma das áreas mais explosivas do planeta.
A maioria dos países árabes reluta em aceitar a existência de Israel (um Estado judaico). A Líbia e o Irã pregam a sua destruição.
Houve quatro guerras árabe-israelenses. Israel venceu todas.
O estopim hoje é a disputa com os palestinos pelos territórios ocupados. Há ainda a secular disputa por Jerusalém, cidade sagrado para cristãos, islâmicos e judeus.
A comunidade judaica pelo mundo é influente. Ela defende Israel e ajuda a financiar o país.
O extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial (holocausto) também despertou a atenção internacional para com os judeus.
Surge daí um conflito de interesses para muitos países que apóiam Israel, mas que não querem se indispor com os árabes, grandes investidores mundiais.
O Oriente Médio é ainda um foco de radicalismo religioso, islâmico e judaico. Esse radicalismo é uma das maiores ameaças à paz e estabilidade na região e no mundo.
Esses grupos extremistas promovem atentados terroristas em vários países, como os que aconteceram recentemente em Paris.
Há anos a comunidade internacional negocia uma saída pacífica para o conflito no Oriente Médio.
Um passo decisivo foi dado pelo governo de Rabin, que aceitou fazer concessões territoriais aos palestinos, que, por sua vez, aceitaram a existência de Israel.
Rabin manteve negociações de paz com inimigos históricos, como o Egito, a Jordânia e a Síria.
Mas esse processo é delicado e sofre o bombardeio dos radicais. Os islâmicos insistem na destruição de Israel. Os judaicos não querem concessões em troca da paz.
Rabin era uma figura chave nessas negociações. Militar e herói de guerra, ele se converteu, por convicção ou levado pelos fatos, a protagonista do processo de paz.
Se esse processo evoluir, tende a conter o extremismo islâmico e reduzir uma ameaça mundial. Se ele retroceder, podem marcar um avanço dos grupos radicais. É isso que temem os líderes ocidentais.

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