São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Principal suspeito tem família religiosa

PATRICK COCKBURN
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM

O assassino confesso do premiê Yitzhak Rabin Yigal Amir veio de um passado familiar e político propício para alimentar o extremismo religioso.
Nascido há 27 anos, filho de judeus vindos do Iêmen, sua família é grande e religiosa. Ele estudou num colégio religioso, depois fez a faculdade Yeshiva e, finalmente, após fazer seu serviço militar na brigada Golani, cursou a Universidade Bar-Ilan, perto de Tel Aviv.
Trabalhou como mensageiro no Ministério israelense das Relações Exteriores e lecionou hebraico na Letônia.
Alguns estudantes recordam que Amir tentava convocá-los para passar fins-de-semana em assentamentos judeus militantes na Cisjordânia. Entre os livros que a polícia encontrou em sua casa, havia um elogiando Baruch Goldstein e seu ataque a palestinos em Hebron.
Quando ele compareceu ao tribunal, ontem, aparentemente com as roupas que usou quando assassinou Rabin, afirmou: "Agi sozinho, mas talvez com Deus. Disse também que matou o líder israelense porque este estava entregando a terra aos palestinos.
Amir regularmente participava de protestos direitistas nos assentamentos.
Em junho passado, concedeu uma entrevista na qual declarou: "Peres e Rabin são cobras. Corte fora suas cabeças e a cobra perderá seu rumo. Arranque seus olhos, e eles ficarão no escuro. Ambos devem ser mortos, porque um impulsiona o outro. Eles são a raiz do mal.
Em julho, foi preso em atos violentos de colonos judeus na Cisjordânia ocupada. Em setembro, foi expulso de uma reunião pública por agredir Rabin verbalmente. Ele confessou que nessa época já estava seguindo o premiê, na tentativa de matá-lo.
A grande pergunta sendo feita agora em Israel é: por que o assassino pôde chegar tão perto do premiê sem ser molestado?.
Alguém lhe perguntou quem era, e ele se identificou como motorista.
O fato é que a polícia secreta israelense estava atenta à possibilidade de uma retaliação de árabes fundamentalistas contra o assassinato de Fathi Chqaqi, mas não estava psicologicamente preparada para a possibilidade de um atentado ser cometido por um judeu.

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