São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Clube de Negócios; Rabin; Sem informação; Lista premiada

Clube de Negócios
"Com referência à reportagem "Empresas de turismo fraudam licitações": o Clube de Negócios de Turismo de Brasília, publicamente estabelecido por agências de viagens do Distrito Federal, sensibilizado e agradecido pelo destaque que foi concedido à sua casa pela Folha do dia 5/11, vem esclarecer outros pontos divulgados aos repórteres e que, por algum interesse, foram omitidos pelo jornal: 1) o Clube não fixa tarifas, preços ou taxas, que são determinados pelas companhias aéreas e monitorados pelo DAC; 2) o Clube é formado pelas agências interessadas, aberto ao ingresso das demais empresas e visa, exclusivamente, à democratização do setor; 3) o Clube não constitui cartel, não comunga com fraudes e prega a mais ampla transparência nas licitações públicas, instando constantemente a administração federal e o Congresso Nacional para a necessária revisão da legislação que rege a matéria; 4) as agências de viagens empregam milhares de pessoas, recolhem religiosamente seus impostos e são, única e exclusivamente, prestadoras de serviços. Sua remuneração é dada pelas companhias aéreas, fixada pelo Departamento de Aviação Civil e não recebem um só centavo do governo; 5) as agências de viagens não elaboram nem fazem parte das equipes que redigem os editais de licitação dos órgãos públicos; 6) o Clube de Negócios de Turismo de Brasília não é clandestino, combate a corrupção, impede o monopólio, é contrário a qualquer política de 'dumping' e foi criado com o objetivo de frustrar o abuso do poder econômico decorrente da oligopolização do mercado; 7) o Clube reafirma o seu propósito de não conceder descontos que inviabilizem seus negócios através de atividade predatória de seus membros; 8) por fim, as empresas que compõem o CNT/DF reafirmam a sua disposição de continuar buscando a maximização dos resultados e a diminuição de custos para o governo federal como vem fazendo, com sucesso, para a iniciativa privada, através de assessoria especializada para escolha das melhores rotas e preços praticados hoje por diversas companhias aéreas."
Mauricio Augusto, diretor-executivo do Clube de Negócios de Turismo de Brasília (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Josias de Souza - O Clube visa fraudar licitações para eliminar descontos que vinham sendo concedidos ao governo. Mediante sorteio, a entidade define previamente os nomes das empresas vencedoras. Trata-se de um cartel, que elimina a concorrência por intermédio da fraude. Embora funcione há cinco meses, o clube não está legalmente constituído. É, portanto, uma organização clandestina. Não há no seu documento de fundação qualquer menção ao combate à corrupção. Há, ao contrário, referências explícitas ao mecanismo de fraude.

Rabin
"O assassinato de Yitzhak Rabin envolve, em um cenário dramático, várias tragédias. É um grave equívoco imaginar que tudo não passou de um gesto isolado de loucura. O dedo que puxou o gatilho foi contaminado pelo discurso xenófobo da extrema-direita israelense e pela pregação intolerante dos fundamentalistas religiosos com ela identificados. A ação dos verdadeiros defensores da paz passa pela luta contra essa frente sombria, contraponto judaico do exclusivismo de raiz islâmica."
Luiz Mendel Goldberg, presidente da Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação (Rio de Janeiro, RJ)

"Todos nós da comunidade judaica ficamos profundamente chocados e consternados com o trágico falecimento de Yitzhak Rabin. Nas palavras do rabino Henry Sobel, que sua morte sirva de catalisador, unindo a todos com uma finalidade em comum: a tão almejada paz no Oriente Médio."
Sami K. Goldstein, integrante da mesa-coordenadora do Núcleo Universitário Judaico (São Paulo, SP)

"A humanidade perde um líder. Que as idéias da paz continuem vivas, como o maior legado que esse herói deixa para as novas gerações! A nobre causa defendida por Yitzhak Rabin perde um homem, mas ganha um símbolo, um mártir."
Márcio Luftglas, diretor do comitê de juventude da Federação Israelita do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

"Nós, integrantes do Seminário sobre o Pensamento Sionista em São Paulo, expressamos nossa consternação pelo assassinato do primeiro-ministro de Israel. Reiteramos nosso apoio ao processo de pacificação no Oriente Médio, que deve sobreviver à perda irreparável do grande líder pela paz que foi Yitzhak Rabin."
Rochelle Saidel, seguem-se mais 25 assinaturas (São Paulo, SP)

"Confesso que levei um tremendo susto quando vi tanta parafernália, e de todos os lados da mídia, em relação à morte de Rabin. Foi a velhice de Rabin que o fez pensar em paz, pois enquanto jovem era mais um dos vários criminosos sionistas que infestam a Palestina. Certamente não deixará saudades aos árabes e nem ao seu povo usurpador. Saudades mesmo irão sentir os 'donos da mídia' brasileira, todos subservientes ao sionismo, tal qual o próprio Brasil o é. Rabin, quando ministro do exterior da entidade sionista, nos EUA, fez todo o aparato militar de que os sionistas hoje usufruem. Sua vida foi tirada por gente fanática, terrorista, adjetivos esses até então atribuídos aos muçulmanos. Gostaria de ver tanta solidariedade brasileira quando os muçulmanos da Bósnia foram massacrados ou quando os palestinos de Sabra e Chatila, de 1982 até hoje, são humilhados, torturados e mortos. Onde estava a comoção brasileira, principalmente da mídia, naquela hora? Descanse em paz, Rabin, se conseguir."
Fernando Islam Al-Egypto (Petrópolis, RJ)

Sem informação
"Não é a primeira vez que prevalece a força do processo industrial em detrimento da informação. Pudemos observar essa máxima no episódio da morte de Yitzhak Rabin. Morando em Curitiba, só pude ler mais informações sobre o assunto, no jornal de minha preferência, dois dias depois do acontecido."
Liége Aride Fuentes (Curitiba, PR)

"Quero protestar por não ter recebido, na edição de 5/11, o noticiário sobre o assassinato de Yitzhak Rabin. Há momentos em que a pressa de chegar primeiro às bancas e/ou aos assinantes é prejudicial. Lamentável essa falha, que não foi só da Folha, mas também de seu concorrente direto, 'O Estado de S.Paulo'."
Antonio do Carmo Santana (Carmo do Rio Claro, MG)

Nota da Redação - A Folha de domingo começou a ser rodada às 10h30 de sábado. Yitzhak Rabin morreu às 19h11 (horário de Brasília). Em seguida o jornal realizou uma troca para noticiar em manchete o assassinato. Infelizmente, nem todos os leitores tiveram acesso à nova edição.

Lista premiada
"Li o resultado de pesquisa realizada entre cem críticos do mundo sobre as dez maiores realizações da história do cinema, publicada na Folha de 10/5. Fiz uma tabulação da opinião dos cem críticos. Para isso considerei os filmes que tivessem atingido um número de votos superior a cinco. O resultado foi a seleção de 39 filmes. Isso me permitiu rever algumas obras-primas como 'Johnny Guittar', 'Rastros do Ódio' e 'O Processo'."
Carlos Alberto Felizola Freire (São Paulo, SP)

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