São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Fiesp prevê pressão sobre exportadores

DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários ouvidos pela Folha dizem que o setor de exportações vai ser o mais atingido pela decisão da Justiça do Trabalho de garantir a indexação salarial aos metalúrgicos do Estado de São Paulo.
Em decisão inédita após a medida provisória da livre negociação, o Tribunal Regional do Trabalho determinou, anteontem, a indexação dos salários (reposição pelas perdas da inflação) de metalúrgicos da Força Sindical.
Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse que a decisão do TRT vai acentuar a defasagem cambial (valorização do real frente ao dólar).
"Com o câmbio fixo, a reposição da inflação vai aumentar os custos do setor exportador da economia", disse.
Adauto Posa Ponte, vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), também previu dificuldades no setor das exportações.
"Os exportadores que já estão com a corda no pescoço são os mais prejudicados com a indexação dos salários", afirmou.
Tabacof disse que a Fiesp discutirá as implicações econômicas da volta da indexação na reunião da diretoria executiva da próxima segunda-feira.
Falando em seu nome pessoal, Tabacof disse não acreditar que o aumento dos custos das empresas provocado pela medida do TRT seja repassado para os preços. "Com a forte competição no mercado, hoje não predomina mais o espírito de transferência de qualquer aumento de custos para o bolso do consumidor", afirmou.
Defensor da livre negociação de salários, Tabacof admitiu, porém, que cabe à Justiça do Trabalho resolver os casos em que há impasse entre patrões e empregados.
"A estabilização da economia não deve ser conseguida com o achatamento dos salários e a perda do poder de compra dos trabalhadores", disse.

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