São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Partido evita racha e muda a composição da Executiva

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de sete horas de reuniões a portas fechadas, as lideranças do PMDB finalmente fecharam ontem um entendimento para evitar o racha total do partido. Eles rejeitaram a proposta de rever a eleição do presidente, Paes de Andrade (CE), e optaram por um acordo que altera a composição da Executiva.
Era clara a intenção do partido em evitar a votação, pois a consequência de se mexer na maior ferida do partido era uma incógnita.
Em 1º de outubro, Paes foi eleito por apenas um voto a mais do que seu adversário, o deputado Alberto Goldman (SP). A reunião do diretório do partido ontem tinha por objetivo avaliar a legitimidade da eleição. Goldman contestava o voto decisivo que definiu o resultado de 76 a 75 a favor de Paes.
O acordo manteve Paes no cargo e distribuiu as outras 12 vagas da Executiva de forma paritária a cada grupo. Goldman recebeu seis cargos, inclusive a secretaria-geral, a ser ocupada pelo deputado Marco Lima (MG).
Para manter a igualdade nas vagas, o senador Humberto Lucena (PB) foi indicado como nome de consenso para ser o 13º integrante da chapa. Ele soube da escolha pouco antes dela ser anunciada.
A composição da Fundação Pedroso Horta, o instituto estratégico do PMDB, foi reformulada. A presidência será definida por Goldman e os demais cargos serão indicados pelos grupos alternadamente.
Foram necessárias seis renúncias de aliados de Paes para se chegar ao acordo. O grande mediador da manobra foi o líder Michel Temer (SP) que recebeu inúmeros elogios das duas partes.
A articulação foi feita também pelos quatro governadores e pela tropa de choque peemedebista do Planalto: os ministros Nelson Jobim (Justiça), Odacir Klein (Transportes) e o secretário Cícero Lucena (Políticas Regionais).
Os ex-governadores de São Paulo Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury Filho também participaram das negociações.
"Ficamos satisfeitos com o resultado. O partido correu um grande risco", disse o deputado Marcelo Barbieri (SP), vice-presidente do PMDB e principal empecilho para o acordo. Goldman exigia o cargo para um de seus aliados.
No final, o líder Michel Temer avaliou que o resultado não vai deixar "cicatrizes" no partido.

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