São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Para ONGs, sem-terra são "presos políticos"

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades internacionais de direitos humanos, como a Human Rights Watch/Americas, devem considerar como "presos políticos" os líderes do movimento dos trabalhadores sem terra detidos em São Paulo.
James Cavallaro, representante da Human Rights no Brasil, diz que as informações que chegam à entidade indicam que há violação de direitos humanos no caso de Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto, presos há 11 dias, acusados de formação de quadrilha.
"Os direitos humanos podem ser violados não só pelo Poder Executivo como também pelo Poder Judiciário", diz Cavallaro.
Para ele, esse tipo de violação ocorre quando se "pune uma pessoa que não está cometendo crime".
A Human Rights deve formalizar denúncia de violação dos direitos humanos de Diolinda e Barreto na Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Cavallaro entende que a prisão dos sem-terra é uma "aplicação discriminatória" da lei. No mesmo conflito, segundo ele, há fazendeiros ameaçando invasores de terra. "Mas não há nenhum deles detido", afirma.
Comissão da OEA
A Human Rights vai intermediar um encontro dos trabalhadores sem terra com a Comissão de Direitos Humanos da OEA, que estará no Brasil no início de dezembro. Em sua primeira visita ao país, vai apurar denúncias de violações de direitos humanos.
A Cruz Vermelha Internacional também está preocupada com a prisão dos sem-terra.
Jean-François Olivier, representante da entidade no Brasil, esteve ontem em São Paulo para a acompanhar a situação dos detidos.

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