São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Violência é inútil, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Nunca vi sem-terra ter coquetel Molotov. Não é um instrumento de reforma agrária", disse ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ele disse ter ficado "constrangido" ao ver nos jornais a fotografia do confronto entre posseiros e policiais em Santa Isabel do Ivaí (PR).
"O coquetel Molotov pode ter sido, noutras épocas, instrumento para certo tipo de insurreição. Hoje em dia é inútil. Inútil. Desesperado apenas, mas certamente não é um instrumento de manifestar a vontade de assentar na terra", disse o presidente, com a voz pausada e fisionomia fechada.
FHC disse que a cena reproduzida nos jornais -de sem-terra armados com foices e atirando uma garrafa em policiais- ele gostaria de "nunca mais ver no Brasil". Ele afirmou ainda que o confronto deve ter acontecido por "precipitação de decisões".
Fernando Henrique condenou tanto a violência dos sem-terra quanto a da polícia, que feriu pelo menos 15 sem-terra.
Violência policial
"Também não é possível aceitar que, em função de uma atitude violenta daqueles que estavam ali assentados, a polícia atue com mais violência ainda", disse FHC.
O presidente aproveitou para afirmar que esse clima leva a "acirramentos inúteis" no processo de reforma agrária. "Não é isso que o governo encoraja nem vai permitir."
Ao final da solenidade em que assinou várias medidas de aceleração do processo de reforma agrária (veja textos à pág. 1-10), no Palácio do Planalto, FHC não quis responder quando questionado se cobraria uma ação mais enérgica do governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT), na apuração do episódio no interior do Estado.

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