São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Médico acusado de assédio sexual é cassado

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O médico ginecologista Vasco Rodrigues da Cunha, 58, perdeu ontem o direito de exercer a profissão sob acusação de abusar sexualmente de pacientes.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) foi unânime ao decidir anteontem pela cassação de seu registro profissional. Para o conselho, ele infringiu o Código de Ética Médica, por atentado ao pudor.
Cunha foi acusado inicialmente por duas sobrinhas de sua ex-mulher, Maria Tereza Rodrigues da Cunha, junto ao Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal em dezembro de 93.
A primeira denúncia pública de uma paciente foi feita pela estudante Dayse Nogueira dos Santos, 24, em fevereiro de 94. Ao todo, 11 mulheres apresentaram reclamações contra o médico.
Cunha disse à Folha ter a intenção de "ir até a última instância" para reverter a decisão. Segundo ele, essa iniciativa ainda depende de avaliação do acórdão do conselho juntamente com os advogados.
O CFM confirmou decisão do Conselho Regional de Medicina de outubro de 94. Segundo Sérgio Ibiapina, vice-presidente do CFM, existem outros oito processos contra o médico no conselho regional.
Ontem, o ginecologista suspendeu suas atividades no Hospital Golden Garden, no Lago Sul, bairro de classe média alta em Brasília, sem aguardar publicação do acórdão no "Diário Oficial", prevista para segunda-feira.
A reabertura do consultório dependerá primeiramente de liminar judicial (provisoriamente) e depois de uma sentença. Sérgio Ibiapina disse que a Justiça normalmente confirma decisões do CFM.
"Recebi a decisão com tristeza, mágoa e indignação. Sou médico por vocação. Nunca vi alguém ser condenado sem provas. Desafio (o CFM) a encontrar provas", disse Cunha. Ele não soube explicar por que recebeu tantas denúncias. "Eu também me pergunto sobre isso."
O processo envolvendo as duas sobrinhas da ex-mulher acabou provocando a separação do casal. Ele disse que Maria Tereza ficou com "a cabeça confusa" após as denúncias e que hoje é sua amiga.
As duas pacientes tinham 14 e 17 anos quando fizeram a primeira consulta ginecológica.

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