São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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PM admite que pode ter matado refém

SANDRO BARBOZA
DA FT

O comandante do 3º Batalhão de Choque, tenente-coronel José Carlos Bononi, 46, responsável pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da PM, admitiu ontem que um dos reféns mortos em uma construção no Morumbi (zona oeste de SP) pode ter sido atingido por um de seus homens.
No dia seguinte ao da invasão, o capitão do Gate Wagner César Teixeira Pinto, que comandou a operação, disse ter certeza de que os dois reféns haviam sido mortos pelos assaltantes, porque haviam levado os tiros à queima-roupa.
O resgate ocorreu na madrugada da última quarta-feira, quando dois ladrões mantinham 18 reféns em um barraco utilizado como depósito de materiais de construção. A ação da polícia começou dez horas depois de os ladrões terem feito os funcionários da obra como reféns. Na operação, os dois ladrões e dois reféns foram mortos.
"Sabemos que toda as operações do Gate envolvem o risco de alguém ser morto. Portanto, é possível que o tiro que matou o refém tenha sido dado por um dos PMs", disse o tenente-coronel. Segundo ele, a invasão já havia sido descartada e só ocorreu porque houve um disparo dos assaltantes contra um dos reféns.
Em depoimentos à Polícia Civil, os reféns negaram essa versão e disseram que não sofreram ameaças. "A ação foi muito rápida. Talvez os reféns não tenham condições de discernimento, pela tensão por que eles estavam passando", afirmou o tenete-coronel.
O IC (Instituto de Criminalística) deve soltar na próxima quarta-feira um laudo que poderá dizer se os reféns foram atingidos por disparos dos assaltantes.
Bononi admitiu ainda falha por parte da PM na preservação do local. "Eu mesmo determinei a preservação. Se as cápsulas desapareceram, a culpa é do policiamento da área, que foi negligente."
Apesar de estar presente à ação, Bononi deixou o comando para o capitão do Gate, seu subordinado. "Tecnicamente ele era a pessoa ideal na hora da ação. Por isso o comando ficou a cargo dele." Para o promotor da Justiça Militar, Marco Antônio Ferreira Lima, 32, houve desobediência, por parte de Bononi, da norma hierárquica.

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