São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Ex-ministros prevêem integração lenta

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de integração dos quatro países do Mercosul (Mercado Comum do Sul) deve entrar daqui para a frente em uma fase mais lenta do que a verificada até agora.
Essa é uma das principais conclusões do debate ocorrido ontem em São Paulo, que contou com a presença de 11 ex-ministros dos quatro países membros -Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
O debate - cujo tema foi "Mercosul - O Fórum do Futuro" - foi promovido pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Essa maior lentidão na integração do bloco sul-americano, segundo a maioria dos participantes, vai ocorrer por causa das dificuldades que serão cada vez mais específicas, nascidas das diferenças nacionais.
Essas dificuldades terão como principal foco a intenção dos países-membros de defenderem suas respectivas estruturas industriais.
"É natural que a velocidade da integração seja mais lenta a partir de agora", disse o ex-ministro das Relações Exteriores (1990-92) do Uruguai Hector Gros Spiell.
O ex-ministro da Fazenda brasileiro Mailson da Nóbrega concorda com a avaliação, mas acrescenta dificuldades de natureza política.
"Os países do Mercosul vão precisar abrir mão de parte de suas soberanias nacionais, em torno de uma soberania que seja compartilhada", afirmou.
Mailson da Nobrega defendeu, como estratégia para se avançar na integração, o investimento maciço em educação.
"É preciso conscientizar os jovens da necessidade da integração, porque serão eles os responsáveis pela continuidade deste processo", afirmou.
Para o banqueiro Olavo Egydio Setúbal, que foi ministro das Relações Exteriores do Brasil (1985-86),o sistema financeiro é um dos que "surpreendentemente" apresenta menos atrito.
Ele justificou seu argumento com citando seu próprio banco, o Itaú, que pretende abrir 35 agências na Argentina. Na semana passada, o banco abriu sua primeira agência.

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