São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Bolsa cai; dólar recua no mercado futuro

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o México assustando menos no dia de ontem, a Bolsa paulista amargou uma queda de 3,76%. O mercado arriscou algumas justificativas para a queda.
O volume negociado continua medíocre e, principalmente, os boatos sobre bancos continuam afetando as cotações.
Além disso, os analistas já estão de olho no cenário do próximo ano. A palavra da moda é revisão.
Basicamente, o que está sendo revisto, para baixo, é a projeção para o crescimento da economia.
As reformas caminham, mas de maneira mais lenta do que esperam os analistas. Resultado: aumentou o período de transição para a troca da política de juros altos pelo ajuste fiscal como viga-mestra de sustentação do Plano Real.
Se os juros vão continuar altos, o país, é claro, vai crescer menos.
No exterior, muitos relatórios circulam mostrando a fragilidade fiscal (controle de receitas e despesas do governo) do Brasil.
É que o espaço para conseguir equilibrar as contas segurando os pagamentos na boca do caixa diminuiu consideravelmente. A inflação já não cumpre esse papel (de reduzir os gastos), felizmente.
Apesar da crença de que o governo vai conseguir aprovar o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), ficou claro que o Congresso cobra pedágio em qualquer votação. E há, nesse caso, uma tendência de aumento do "custo Brasil".
Não só nesse caso. Juro e impostos têm grande peso no "custo Brasil" para o setor privado local.
O ganho financeiro continua atraindo capital estrangeiro. Até o dia 9, ingressaram no país US$ 841,97 milhões. Ontem, devem ter ingressado, avaliam os operadores, mais US$ 180 milhões.
O pedido do BC para que as instituições deixem de trazer recursos pelas CC-5 (contas de não-residentes), uma brecha legal para não pagar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), continua pesando no mercado e provocou dois efeitos: 1) o dólar-flutuante (segmento do mercado do dólar-turismo) continuou pressionado; 2) as cotações do dólar no mercado futuro caíram.
É fácil entender a razão. Se a porta da CC-5 fechou, só existirá uma para o ingresso: a do comercial (exportações e importações). Se a oferta vai aumentar, o preço cai.

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