São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Sobe venda de perecível em supermercado

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtos perecíveis estão invadindo os supermercados. Nos últimos dois anos, a área ocupada pelas hortaliças, legumes, carnes, refrigerados e os balcões de padaria praticamente dobrou.
A participação desses produtos dentro das lojas saltou de 25% para 50%. No mesmo período, a fatia dos perecíveis no faturamento das empresas passou de 30% para 40%, segundo supermercadistas.
"Essa já era uma tendência que vinha crescendo nos últimos anos. Mas se acelerou depois do Plano Real", diz Firmino Rodrigues Alves, presidente em exercício da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
É que, com a estabilização da economia, o supermercado perdeu o ganho da aplicação financeira gerado pela inflação alta.
Além disso, a diferença de preço de um mesmo produto entre as lojas diminuiu, principalmente nos alimentos básicos, que funcionavam como chamariz de vendas.
Resultado: os supermercados passaram a ter de melhorar a rentabilidade do próprio negócio.
"A estratégia agora é oferecer serviços e produtos diferenciados", afirma Egídio Locks, presidente da Associação Catarinense de Supermercados.
O aumento da fatia dos perecíveis se encaixa exatamente nessa estratégia. Isto é, antes do Real, não sobrava dinheiro para o consumidor de renda mais baixa comprar iogurte, diz Sidnei Mattos, superintendente do Tulha.
Hoje, com a queda da inflação, esse mesmo consumidor consegue levar para casa, além de produtos básicos, o iogurte, exemplifica.
"E é no produto perecível que a nossa margem bruta de rentabilidade acaba sendo maior, varia entre 15% e 20%", diz Mattos.
Mais clientes
Indiretamente, os perecíveis funcionam também como uma alavanca de vendas porque trazem mais clientela para a loja.
Motivo: a pequena durabilidade do produto exige que a compra seja mais frequente.
O Eldorado, por exemplo, detectou aumento de 30% a 40% no fluxo de clientes nas quatro lojas de São Paulo, a partir de maio.
É que, desde esse mês, a empresa decidiu intensificar as promoções do sacolão de frutas e legumes que ocorre toda quinta-feira. Para isso, a rede unificou as compras junto aos fornecedores com o objetivo de negociar preços mais competitivos.
Além disso, trouxe as bancas de frutas, legumes e verduras, localizadas no fundo e nas laterais, para a área central da loja.
A metragem dos balcões refrigerados nas oito lojas da rede, que era de 1.032 metros lineares, cresceu para 1.326 metros. E os balcões refrigerados também foram deslocados das laterais para a parte da frente da lojas.
Com isso, vendas de aves aumentaram 79%, a de vegetais prontos, 56,9% e de pratos prontos 47,9%, após ampliação da área refrigerada.
Até março de 96, a empresa planeja investir mais US$ 1,5 milhão no setor de padarias das quatro lojas de São Paulo.
Até mesmo a nova loja do Carrefour, em Osasco (SP), que começa a funcionar no dia 16, na mesma data em que a vizinha e concorrente Wal-Mart também será inaugurada, tem como uma das principais estratégias intensificar a venda de produtos perecíveis.
"Os perecíveis vão responder por 30% das vendas físicas da nova loja, uma média considerada alta", diz Eric Poumerol, diretor regional do Carrefour.

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