São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995 |
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Lobão confirma sua verve de roqueiro
CARLOS CALADO
Na estréia do show "Nostalgia da Modernidade", anteontem no Tom Brasil, pouco mais da metade dos mil lugares da casa estavam ocupados -um sinal aparente de que a nova imagem de Lobão não atraiu muitos dos antigos fãs. Eles se enganaram. Basta ouvir "A Queda", canção que abre o show, para se perceber que a suposta virada musical de Lobão é apenas mais uma de suas provocações bem-humoradas. Apesar do naipe de cordas que se junta à banda, a batida pesada e o som das guitarras ainda soa como rock. OK, Lobão canta seu maracatu "Coração Aberto" e duas composições mais suaves, "A Hora da Estrela" e "Dilema" -esta definida por ele mesmo como "uma canção com alguma coisa de Cartola e Festival da Canção". Exibe ainda, em formato de conjunto regional, seus sambas "Luz da Madrugada" e "Nostalgia da Modernidade". "Eu me senti um homem mais completo depois de compor um samba", diz ao anunciá-los. Porém, no resto do show, é o velho Lobão roqueiro que sobressai, seja em canções novas, como a quase "disco" "O Diabo É Deus de Folga", ou sucessos antigos, como "Vida Louca Vida". "Dizem que o público está emburrecido, que só quer ouvir músicas conhecidas, mas isso é mentira", diz, com um sorriso carregado de ironia. Aliás, a verve de Lobão continua afiadíssima. Alfineta os yuppies, no "jazzy" "Samsara Blues". Avacalha os modismos e a rebeldia de shopping center, no rock-rap "Dé Dé Dé Dé Déu". Quem acreditou na nova personalidade do roqueiro, ainda tem duas chances para vê-lo. Já deviam saber que, antes de tudo, Lobão é um grande gozador. Show: Nostalgia da Modernidade Artista: Lobão Quando: Hoje, às 21h30; domingo, às 20h30 Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66, tel. 820-2326, Vila Olímpia, zona sul de São Paulo) Quanto: entre R$ 20,00 e R$ 45,00 Texto Anterior: Conferência discute a razão feminina Próximo Texto: Cinemateca abre amanhã mostra quase completa da obra de Pasolini Índice |
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