São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Que venha o ajuste

Se de fato a questão das dívidas estaduais não pode ser simplesmente ignorada, tampouco seria aceitável que, mais uma vez, como tantas na história do país, tais débitos fossem impingidos ao Tesouro Nacional. A negociação em curso, prevendo empréstimos federais no total de R$ 2 bilhões mediante firmes contrapartidas dos Estados, parece equilibrada. O acordo ainda não está concluído e, é claro, em entendimentos políticos como esse sempre há meandros pelos quais propostas razoáveis podem terminar em falsas panacéias, que só adiam e disfarçam os problemas.
A racionalização das máquinas estaduais e as privatizações, exigidas pelo Executivo federal em troca dos empréstimos, precisam ser compromissos rigorosos, cujo não-cumprimento tenha duras implicações. Fora disso, o país estaria mais uma vez tratando de contornar algo que, afinal, é inevitável.
Até o presente, o sucesso no controle da inflação foi obtido a um alto custo. Os juros elevados impulsionaram fortemente o crescimento da dívida pública. E a desaceleração do ritmo de crescimento da economia reduziu o surgimento de novas oportunidades e contribuiu para o desemprego. Pôr ordem nas contas públicas é condição indispensável para assentar a estabilização em bases sólidas. E as contas estaduais são hoje, lamentavelmente, o ponto crítico do ajuste do setor. Não há pois o que tergiversar.

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