São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Brasil mede sucesso com 'QI emocional'

DE NOVA YORK E DA REPORTAGEM LOCAL

Começa a chegar ao Brasil a idéia de que o sucesso depende de "inteligência emocional", um conceito novo "criado" nos EUA.
Além de medir o QI (quociente de inteligência), os norte-americanos estão se preocupando agora com o QE (quociente emocional) das suas crianças e dos seus empregados.
Ganham-se mais pontos no "QE" quanto mais qualidades do tipo "auto" você tiver: autoconhecimento, autocontrole, automotivação, auto-estima.
Em suma, trata-se da habilidade de um indivíduo em lidar com conflitos, manter-se calmo diante de crises, entender os sentimentos das pessoas que o cercam, não sucumbir a ansiedades, angústias e depressões.
As pessoas de "QE" alto seriam as que realmente obtiveram sucesso na vida, mais até do que as de QI acima da média.
"Quem só tem QI alto é quase uma caricatura do intelectual, adepto do reino da mente, mas inapto no mundo das pessoas", diz o psicólogo Daniel Goleman, em seu livro "Inteligência Emocional", best-seller nos EUA.
Como o livro tem 352 páginas, o próprio Goleman criou um teste de apenas dez perguntas para medir o "QE" de quem se interessar (veja na pág. 2).
Os especialistas em recursos humanos dos EUA já aderiram a testes como esse para selecionar seus empregados: estão preferindo pessoas mais "ajustadas" a "geninhos problemáticos".
No Brasil, essas idéias foram incorporadas primeiro no setor produtivo. Ana Maria Cadavez, 46, gerente sênior de consultoria de recursos humanos, diz que já "cansou" de entrevistar pessoas com várias pós-graduações, "mas que não conseguiram decolar nas empresas".
As escolas também aderiram à discussão. "O trabalho do emocional é a grande virada deste final de século. Estamos descobrindo que a inteligência é apenas uma pequena parte do ser humano", afirma a pedagoga Nivia Gomes Basile, 62.
O diretor do colégio Bandeirantes, Mauro de Salles Aguiar, já encomendou o livro de Goleman e diz que "esse é um desafio das escolas brasileiras".
Os críticos do "QI sentimental" dizem que é impossível medir numericamente questões emocionais e que toda essa teoria serve ao elogio da mediocridade.

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Sobre 'QE' nas págs. 2, 3 e 4

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