São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Lógico tem horror a 'coisas do dia-a-dia'

Ele seria um 'troglodita emocional'

DA REPORTAGEM LOCAL

O mais importante lógico-matemático do país, Newton da Costa, 65, nunca assiste a um jogo de futebol, jamais ouve música popular e se chateia com "coisas e diálogos comuns" sobre questões do dia-a-dia.
Costa diz ter enorme dificuldade em lidar com as "exigências" do cotidiano. Prefere dividir seu tempo entre as aulas no Departamento de Filosofia da USP e as muitas horas diárias de leitura em seu apartamento no Itaim Bibi (zona sul da cidade).
Ele reconhece que se encaixa no perfil do que seria uma pessoa com baixa inteligência emocional. "Minha mulher costuma dizer que eu sou um troglodita emocional", brinca.
Mas acha que o comportamento atípico de muitos intelectuais não tem uma relação direta com o fato de a pessoa ser ou não inteligente, diferentemente do que afirmam os teóricos da inteligência emocional.
Ele acha que as pessoas com fortes pendências intelectuais, não necessariamente inteligentes, acabam se afastando naturalmente de outras atividades.
"No meu caso, comecei a ler aos 7, 8 anos. Fui, aos poucos, tendo uma vida mais reclusa", afirma.
Hoje, não consegue se imaginar em alguma atividade profissional fora da universidade.
"Um amigo diz que, se eu não fosse professor, não conseguiria nem ser bedel", diz o professor. Costa é o único membro aceito por unanimidade no Instituto Internacional de Filosofia de Paris.

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