São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Novo remédio é mais eficaz no controle da rinite

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um remédio lançado há um mês no Brasil é a nova esperança no controle da rinite alérgica -doença da mucosa nasal que atinge de 15% a 20% da população.
A novidade é que o remédio é colocado diretamente dentro do nariz e traz menos efeitos colaterais que os comprimidos antialérgicos que vêm sendo utilizados pelas pessoas que enfrentam a rinite.
O medicamento, conhecido cientificamente como azelastina, já é empregado na Europa e no Japão há cerca de cinco anos.
A rinite é um processo alérgico causado por determinadas substâncias -conhecidas como alérgenos.
Os alérgenos mais comuns no nosso meio são ácaros (organismos microscópicos) que vivem no pó, pêlos de animais domésticos, pólens de determinadas flores e alguns tipos de bolores (fungos).
Quando alguém alérgico -que tem anticorpos prontos nas células da mucosa nasal (revestimento interno do nariz)- entra em contato com um alérgeno, reações químicas começam a acontecer.
A ligação entre alérgenos e anticorpos na membrana de células conhecidas como mastócitos faz com que seja liberada a histamina.
A histamina é uma substância que aumenta a circulação sanguínea no local e faz com que as células da mucosa fiquem mais inchadas e produzam mais líquido.
Como consequência, a pessoa fica com muita secreção no nariz, coceira, espirros e obstrução nasal.
A maioria dos remédios usados para combater o processo alérgico são compostos por uma substância que se liga à histamina e impede que ela atue sobre as células.
O problema é que algumas pessoas desenvolvem efeitos colaterais como náuseas com os antialérgicos tomados por via oral.
A vantagem da azelastina, que também se liga à histamina, é que ela atua localmente e não é absorvida pelo organismo.
Charles Naspitz, professor titular da disciplina de alergia, imunologia clínica e reumatologia do departamento de pediatria da Escola Paulista de Medicina (EPM-UNIFESP), explica que não há cura para a rinite alérgica.
O uso do antialérgico local por seis meses e a menor exposição aos alérgenos podem diminuir o número e a intensidade das crises.
Aroldo Miniti, professor titular de otorrinolaringologia do HC da USP, diz que um estudo realizado com 60 pacientes durante um ano e meio mostrou que a medicação local tem resultado melhor que a medicação por via oral.
O produto de uso local também tem limitações. Ele não pode ser usado em pacientes com menos de 6 anos e não tem efeito satisfatório sobre todos os sintomas.
Segundo Miniti, o medicamento consegue controlar bem os espirros, a coceira e a coriza ("nariz escorrendo") mas tem efeito limitado sobre a obstrução nasal.

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