São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Mulheres atacam rivais e assumem escândalo

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Elas perdem a compostura com facilidade, brigam de rolar no chão e depois não lamentam o descontrole. São as mulheres que vão à luta pelo amor de um homem (ou por ódio a outras mulheres).
Quebrar o braço do companheiro na briga, esbofetear rivais que atravessam o seu caminho e arremessar o que estiver à mão em caso de contrariedade são atitudes típicas do gênero.
"Atirei um castiçal de ferro no meu ex-marido porque ele pegou minha moto sem pedir", diz a ex-modelo Fátima Simonsen, 35. O saldo do arremesso foram 23 pontos na testa dele. O casamento dos dois andava mal, mas quando ia bem não era muito diferente.
"Toda vez que tinha briga lá em casa voava alguma coisa", diz Fátima. "Era cinzeiro, walkman, prato de sopa, o que estivesse à mão", recorda. "Uma vez, na fazenda, sem querer acertei um amigo do meu marido."
Fátima se diverte contando as histórias, mas garante que "evoluiu muito". "Eu era muito ciumenta e isso não é legal. Destrói qualquer relacionamento", acredita. Depois do que aconteceu, o casal passou dois anos separado e outros seis se reconciliando. "Nos damos muito bem até hoje", diz.
Se dar bem, para quem pratica o "telequete" doméstico, é relativo. "Eu e meu marido adoramos uma pancadaria", afirma a vendedora de balas Denise Ferraz do Nascimento, a Deka, 31, que trabalha na boate A Loka (zona central) e está casada há quatro anos com o cenógrafo Sílvio Galvão.
Na última briga do casal, ela quebrou o braço dele. "Foi fratura exposta", lembra. Ela alegou "falta de atenção" do marido. "Ele entrou na boate sem falar comigo", conta. "Derrubei-o de cima da moto", conta.
Certa vez, em outra boate, Deka se engalfinhou com uma moça porque achou que ela estava flertando com Sílvio. "A briga começou na pista de dança e acabou no banheiro. A raiva era tanta que eu espatifei a pia no chão."
A platéia não intimida Deka, que também trabalha como "performer". "Estou acostumada com público", afirma. "Fazemos uma dupla imbatível."
Em duplas assim não se bate mesmo -mas sobra sempre para alguém. No caso da bancária Alessandra Belizário, 22, quem apanhou foi a amante do ex-noivo. Alessandra estava com o casamento marcado e os convites enviados quando suspeitou que havia algo estranho com o futuro marido.
"Resolvi dar uma incerta no apartamento dele e encontrei os dois saindo do elevador de mãos dadas", lembra. O pior, para Alessandra, foi sentir-se preterida.
"Em vez de me dar uma satisfação, ele fez que não me conhecia para não dar bandeira na frente da outra", conta.
Ensandecida, Alessandra começou a agredir os dois aos berros. A amante do noivo não entendeu nada. "Ela levou um susto e, por conta disso, recebeu logo um tapão na cara. Ele veio para apartar e tomou outro. Rolei com os dois no chão e não havia o que me fizesse parar", lembra.
Antes de casar com a outra, o ex-noivo de Alessandra deu queixa na polícia. "Fui condenada a três meses de detenção, mas recorri e ganhei", diz.
Com a estudante Renata Baptista Ywata, 19, nem a conversa salva o desastre. Da última vez que seu namorado tentou contemporizar, ela não gostou dos argumentos e acabou com o carro dele.
"Deixei ele falando sozinho na porta do cinema e fui até a garagem do shopping. Arranhei o carro de ponta a ponta, escrevi uma porção de palavrões e quebrei o espelho lateral", conta.
Para Renata, que ainda recebeu flores e um pedido de desculpas, os homens são como "cachorros".
"Se você vai atrás, eles saem correndo. Se corre deles, eles vêm atrás. Quando os dois correm na mesma direção, dá briga."

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