São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Missão de filial da Compaq é atingir liderança em 1996

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a maioria dos executivos da Compaq do Brasil descansava nos feriados de Finados, seu presidente, Jorge Schreurs, 38, voou para Houston, no Texas (centro-sul dos EUA), onde, juntamente com o colombiano Manuel Parra, vice-presidente para a América Latina, esmiuçou cifras e obteve aprovação da matriz de planos decisivos para 1996.
É que no próximo ano se esgota o prazo para que Schreurs transforme em realidade a proclamada meta de inscrever o Brasil no ranking dos 16 países nos quais a Compaq é a número um em vendas de PCs. Nessa lista figuram Argentina, Chile e Colômbia, além dos EUA.
Esse desafio se tornou ainda mais crucial depois que a consultoria Dataquest, que monitora o desempenho internacional do setor, apontou a Compaq como a nova líder mundial dos PCs -desbancando a IBM e a Apple pela primeira vez em dez anos. Em 1994, a companhia vendeu 4,8 milhões de micros em mais de cem países.
"É provável que, no momento, já estejamos disputando a liderança também no Brasil", disse Schreurs à Folha quinta-feira passada, embora não tenha revelado os volumes produzidos até outubro. As 45 mil unidades vendidas em 1994 colocaram a Compaq na terceira posição em 1994, atrás da IBM e da Itautec.
Perseguir o topo só se tornou viável graças à decisão do presidente mundial, Eckhard Pfeiffer, de montar em tempo relâmpago -seis meses- a quarta fábrica mundial da Compaq em Jaguariúna (120 km ao norte de São Paulo). Depois veio a quinta, na China. "É o estilo de nosso presidente", afirma Schreurs.
Placas de circuito impresso são produzidas à razão de uma por minuto. Em seguida, são submetidas a testes de manufatura e despachadas para uma das sete células de manufatura, de onde saem montados os microcomputadores desde setembro de 1994.
Erguida ao custo de US$ 30 milhões, a fábrica paulista tem capacidade para produzir 400 mil unidades anuais.
Schreurs, paulistano de ascendência holandesa, diz que a substituição das importações foi fundamental para viabilizar preços compatíveis com os volumes necessários para a conquista do mercado.
Formado em administração de empresas na PUC, até 1992 Schreurs labutava longe dos bytes, às voltas com esparadrapos, cotonetes e absorventes femininos. Por 12 anos ele foi executivo da Johnson & Johnson. Desde que assumiu a presidência, cooptado por um "headhunter", o faturamento da Compaq cresceu mais de dez vezes, atingiu US$ 122 milhões em 1994 e a expectativa é que dobrará neste ano.
Essa veloz ocupação colocou Schreurs em guarda contra retaliações da concorrência. "A Compaq é muito monitorada", justifica.
É compreensível: seu faturamento mundial vem crescendo em escala geométrica. De US$ 3,2 bilhões em 1991, saltou para US$ 10,9 bilhões em 1994, que serão superados neste ano."Tudo bem enquanto eles pesquisam nosso passado. Mas preferimos não antecipar o futuro."
Poucas ações da estratégia para 1996 são reveladas pelo presidente. A companhia quer ampliar sua presença nos escritórios e implantar sistemas em grandes empresas.
Isso significa buscar novos setores, sobre os quais Schreurs não quis se pronunciar. "Somos identificados como uma empresa de computadores pessoais. O trabalho agora é mostrar que estamos preparados para atender a quaisquer necessidades das empresas."
Novos produtos serão lançados no mercado de informática, que deve crescer a taxas de quase 30% nos próximos quatro anos. Também está programada a abertura de filiais em Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Nordeste.
"Estamos recrutando talentos na FGV, para a área de administração, e engenheiros na USP", diz Schreurs. "Nos próximos seis meses, contrataremos 30 funcionários para a área comercial".
Popularizar a marca no país, eis outra preocupação de Schreurs. Trata-se, segundo a publicação "Financial World", da 17ª marca mais valiosa do mundo, estimada em US$ 6,8 bilhões. Era a 30ª na lista de 1994.
"Somos muito conhecidos pelas múltis aqui instaladas, desconhecidos pelas empresas nacionais e insignificantes para os usuários em relação a concorrentes que operam há 70 anos", diz o presidente.
A Compaq, que está investindo em 1995 pouco menos de US$ 10 milhões em publicidade, deve injetar gás em suas campanhas em 96.
Antes de investir na imagem, a empresa tratou de consolidar uma rede de revendedores -mais de 60- e outra de serviços (50 pontos), batizada de Compaq Care.
Seguindo os princípios de empresas globais, a filial brasileira foi estruturada de forma semelhante à matriz. Três unidades de negócios operam com diretorias independentes. "Dá certo porque elas atuam junto aos canais de distribuição e ao usuário final."
Há, no entanto, diferenças nacionais. "Como não existem superstores especializadas, tivemos de buscar alternativas, como vender PCs em supermercados", exemplifica Schreurs, que promete encantar os usuários no ano decisivo para a Compaq do Brasil.

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