São Paulo, domingo, 12 de novembro de 1995
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Físico que descobriu a bomba de hidrogênio já recebeu o prêmio

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os cinco anos de “Ig Nobel” já apresentam alguns clássicos. Existe, por exemplo, o “Ig Nobel” politicamente correto. São pesquisas que podem ser reproduzidas, mas não seria bom fazê-lo.
Talvez o melhor exemplo tenha sido o “Ig Nobel” da “Paz” de 1991, concedido ao físico Edward Teller, criador da bomba de hidrogênio americana.
Teller também bolou o programa “Guerra nas Estrelas”, de defesa espacial contra mísseis, que, por pouco, não acabou com os tratados de desarmamento nuclear entre a então União Soviética e os EUA, transformando a Guerra Fria em “Mais Que Fervente”.
O “Ig Nobel” de química já premiou objetos supérfluos. James e Gaines Campbell ganharam em 1993 com o “odioso método pelo qual se coloca perfume nas páginas de revistas”.
A crítica moral com ironia é uma constante do prêmio. O médico Cecil Jacobson ganhou o de biologia em 1992 pelo seu “método de controle de qualidade do sêmen na inseminação artificial” -ele só inseminava mulheres com o próprio sêmen. O elogio vai ainda mais longe: ele conseguiu o feito “com uma mão só”.
Ainda falando em esperma, o de biologia em 1991 foi para Robert Graham, o inventor de um banco de sêmen que aceitava doações de sêmen de ganhadores do outro prêmio, o Nobel.
O órgão sexual masculino do ser humano e de outros animais foi imortalizado com o prêmio de arte de 1992: o artista Jim Knowlton fez o pôster “os pênis do reino animal”. O prêmio também foi dado ao órgão de fomento às artes nos EUA, o U.S. National Endowment for the Arts, por ter encorajado Knowlton a fazer uma versão tridimensional do pôster.
Nestes tempos de igrejas enraivecidas e chutadoras, convém lembrar o “Ig Nobel” de “Matemática” do ano passado.
Foi para a Igreja Batista Sulista de Alabama, “pela contagem precisa, em cada um dos municípios de Alabama, de quantos cidadãos poderão ir ao inferno se não se arrependerem de seus pecados”.
A mais irreprodutível das pesquisas provavelmente foi a dos ganhadores do prêmio de medicina de 94 -Richard C. Dart, do Centro de Veneno de Rocky Mountain, e Richard A. Gustafson, da Universidade de Arizona.
Um paciente deles pediu para ser tratado da mordida de uma cascavel (de estimação) com choques elétricos aplicados no lábio a partir de uma bateria de automóvel. Ele foi “tratado por cinco minutos”.
O Ig Nobel de Medicina é um dos mais concorridos, visto ser essa uma das áreas de maior volume de publicações. O de 1993 foi dado a James Nolan, Thomas Stilwell e John Sands Jr.
Eles explicaram como se deve proceder quando um pênis fica preso num zíper. As vítimas geralmente são crianças, embora a medicina conheça casos de adolescentes que fecharam o zíper rápido demais em situações comprometedoras.
(RBN)

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