São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Troca de cargos evita crise na Polícia Civil

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A crise que ameaçava se instaurar na cúpula da Polícia Civil do Rio foi resolvida ontem com uma simples troca de cargos. Luiz Gonzaga Lima Costa, 70, deixa a Corregedoria para assumir a Inspetoria-Geral de Segurança Pública.
Para sua vaga na Corregedoria vai o delegado Manoel Vidal, 50, que até então respondia pela Inspetoria-Geral, divisão da Secretaria de segurança responsável pela apuração de irregularidades cometidas por policiais civis, militares e do Corpo de Bombeiros.
A briga entre Costa e o chefe de Polícia Civil, Hélio Luz, começou quando o corregedor mandou apurar suposta denúncia contra Luz.
Segundo um relatório do delegado da 64ª DP, Ricardo Teixeira, Luz teria devolvido a um comerciante detido pela DAS (Divisão Anti-Sequestro) um revólver que fora roubado de um vigilante. Costa pediu que a Inspetoria abrisse sindicância para apurar o caso. Luz não gostou da atitude.
"Não havia mais clima para trabalhar com o Luz. A gente bateu de frente", disse Costa. Ele agora passa a ser subordinado diretamente ao secretário de Segurança.
Na última sexta-feira, Vidal ouviu o comerciante. Em seu depoimento, ele reconheceu a foto de Alexandre Neto, ex-diretor da DAS, como sendo Luz.
Segundo ele, Neto teria lhe devolvido a arma e dado dois números de telefones celulares para que, em troca, o comerciante se transformasse em seu informante.
O comerciante teve sua arma, que teria sido comprada de um homem conhecido como Dema, apreendida e depois devolvida por um delegado da DAS no dia 29 de julho, data em que Luz já respondia pela chefia da polícia.
Em setembro, a 64ª DP recebeu denúncia de que o comerciante estocaria bujões de gás em sua casa. Ao chegar na casa do comerciante, acharam sua arma e ele, então, teria dito que ela fora apreendida e depois liberada por Luz.
Vidal acredita que tudo não passou de uma confusão do comerciante. "Ele é um homem muito simples e confundiu os dois nomes", disse Vidal, que alegou motivos de segurança para não revelar o nome do comerciante.
Vidal ouviu ontem Neto e Teixeira, mas ainda não decidiu se vai indiciar alguém.

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