São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mãe de Glauber encontra Zé do Caixão

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Foi o encontro mais inusitado do Festival de Brasília: o cineasta e ator José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e a mãe de Glauber Rocha, dona Lucia Rocha. Apresentados pelo cineasta Ivan Cardoso, "herdeiro" de ambos os diretores, os dois falaram sobre as afinidades entre Glauber e Mojica.
Segundo Mojica, que veio comemorar seus 50 anos de cinema (começou aos 9, com o 8 mm "Juízo Final"), Glauber profetizou, nos anos 60, que ele ficaria conhecido no Primeiro Mundo como "Coffin Joe". Hoje, com esse nome, Mojica é um "cult" nos EUA, com 13 fitas lançadas no mercado americano de vídeo.
Dona Lucia disse a Mojica que "Glauber sempre o adorou". Mojica respondeu: "O sonho dele era juntar num filme o Antonio das Mortes (de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol') e o Zé do Caixão".
José Mojica Marins prepara agora dois projetos. Um deles é o longa "O Olho do Portal do Inferno", que concluiria a trilogia iniciada com "À Meia-Noite Levarei a Tua Alma" e "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver".
O segundo é uma parceria com o produtor americano Roger Corman: cada um dirigiria sua versão de uma mesma história, que Mojica está encarregado de escrever.
Competição
O longa-metragem de episódios "A Felicidade É...", exibido anteontem, foi o mais aplaudido até agora pelo público do festival. Mais de mil pessoas viram o filme anteontem no Cine Brasília.
"A Felicidade É...", já exibido em São Paulo, é dividido em quatro partes, dirigidas por Jorge Furtado, José Roberto Torero, José Pedro Goulart e Cecílio Neto.
A competição acaba hoje, com a exibição do longa "Dezesseis Zero Sessenta", de Vinicius Mainardi. A premiação será divulgada amanhã à noite, após a sessão especial do clássico "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
Já exibido nos festivais de Veneza e Nova York, "Dezesseis Zero Sessenta" coloca em cena a convivência forçada, numa mansão, entre uma família rica e outra miserável.
"O Judeu", exibido sábado, dividiu opiniões. É um filme de inegável força visual, com fotografia e direção de arte deslumbrantes na reconstituição dos meandros claustrofóbicos da Inquisição em Portugal, no século 18.

Texto Anterior: José Lewgoy é 'vilão zen' em 'O Judeu'
Próximo Texto: Vejo em minha febre a política nacional
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.