São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995 |
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PT e MST pedem demissão de Andrade Vieira
CARLOS EDUARDO ALVES
"O Andrade Vieira está articulando os conservadores contra o Incra e o Planalto", afirmou João Pedro Stedile, líder do MST. "A única explicação para ele ficar no governo é que o Bamerindus deve ter dado muito dinheiro para a campanha do Fernando Henrique", acrescentou Stedile, referindo-se ao banco de propriedade de Andrade Vieira. Para o dirigente dos sem-terra, o ministro da Agricultura é hoje o maior "inimigo" da reforma agrária e dos sem-terra. Stedille acusou Andrade Vieira de articular com os "conservadores do Judiciário" e de incitar a violência da PM do Paraná em recente conflito com os sem-terra daquele Estado. O presidente do PT, José Dirceu, também pediu a saída de Andrade Vieira do ministério. "O ministro está eticamente impedido de continuar depois que ficou claro que a medida provisória da fusão dos bancos beneficia o Bamerindus, que está em sérias dificuldades", opinou Dirceu. O PT e o MST avaliam que Andrade Vieira, mesmo depois de perder o controle do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), manteve-se como o aglutinador dos interesses contrários à reforma agrária. Ainda de acordo com PT e MST, o momento político é favorável à pressão contra Andrade Vieira por dois motivos: a luta pela reforma agrária estaria começando a deixar o confinamento político a que era submetida e, também, o ministro enfrentaria agora dificuldades políticas por causa de sua situação como empresário. "Se o Andrade continuar, o governo vai passar para a sociedade que o que ele faz com a mão esquerda o ministro desmancha com a mão direita", disse Dirceu. Stedile ameaçou o governo, pelo que chamou de lentidão na reforma agrária. "Podem surgir movimentos sociais sem controle de ninguém", declarou. Texto Anterior: Rainha se escondeu no Pontal Próximo Texto: Secretário tenta contornar atrito com Brizola Índice |
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