São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Para Jatene, 'fritura' seria indignidade

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de uma semana sob bombardeio do PSDB e após ser alvo de críticas públicas do presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro da Saúde, Adib Jatene, respondeu "lavando as mãos" e dizendo que continuará no governo, lutando por mais recursos.
Ontem ele disse que não será responsável pelo que acontecer com a saúde pública se não receber mais dinheiro.
"Se eu não tivesse alertado o governo sobre a falta de recursos, se eu não tivesse me exposto na busca de recursos, poderiam ter me acusado de não ter alertado. Mas eu alertei. Então, o que eventualmente vier a acontecer seguramente não é responsabilidade do ministro", disse.
O bombardeio contra Jatene começou pelo PSDB, que se reuniu semana passada, cobrou resultados e o acusou de ainda não ter formulado uma política de saúde.
Aos tucanos, Jatene respondeu: "Não sou sustentado por nenhum partido, não pedi cargos nem pedi para ser ministro".
Depois, foi a vez do próprio FHC. Em discurso na sexta-feira, FHC disse não ter certeza de que o Ministério da Saúde tem apresentado resultados equivalentes aos recursos investidos. "O dobro" em relação a 94, segundo ele.
Sobre essas críticas, o ministro disse: "Não acredito em fritura. O presidente jamais faria uma coisa dessas, seria uma indignidade, fui convidado pessoalmente por ele".
Jatene não tem motivos para estar confortável. Sua tábua de salvação, a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que passou pelo Senado, tem poucas chances de ser aprovada na Câmara.
O Orçamento de 96 sem os recursos do CPMF será menor do que o deste ano. "Não é bem assim, vamos reajustar o Orçamento", diz Jatene. A previsão é que a CPMF arrecade R$ 5 bilhões.
Na Câmara, o problema começa com seu presidente, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que é contra o novo imposto, assim como os deputados Michel Temer, líder do PMDB na Câmara, e José Aníbal, líder do PSDB.
Mas o ministro se nega a formular hipóteses com base na possível rejeição da CPMF.

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