São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Bovespa tem a maior alta desde abril

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta de 5,43%. É a maior valorização em um só dia desde 4 de abril. O volume negociado também cresceu, chegando a R$ 204,516 milhões.
Segundo os operadores, três foram os motivos para esse comportamento. Dois deles afetaram todo o mercado latino-americano.
O primeiro é que, nos EUA, os juros pagos na dívida de 30 anos caíram para o mais baixo patamar desde janeiro do ano passado.
O segundo veio da Argentina: o plano de reestruturação do Estado, claramente recessivo. Mas, para o mercado, o mais importante é que ele mostra que aumentou o fôlego do ministro Domingo Cavallo.
A Argentina ajudou a empurrar para cima não só as ações, mas também os títulos da dívida externa. O IDU fechou a US$ 0,8463 e o C-Bond, a US$ 0,50.
O terceiro fator de alta da Bolsa é local. Chama-se Telebrás ou, mais precisamente, programa de reestruturação das tarifas cobradas pela Telebrás. O balanço de nove meses da empresa, divulgado ontem, também foi considerado bom.
Os analistas lembraram também como positivo o fato de ter ficado definido o cenário em que vão se processar as fusões e aquisições bancárias. Ontem, as ações de Nacional e Unibanco permaneceram suspensas do pregão.
Apesar disso tudo, a alta da Bolsa foi considerada exagerada por boa parcela dos analistas.
Segundo eles, durante as quedas anteriores, a Bolsa se comportou como um bêbado descendo a ladeira. Agora, resolveu subir a escada pulando degraus.
Um dos degraus é o déficit nas contas do governo. O déficit era esperado. Como são as reformas.
O problema é saber se os efeitos das reformas começam a aparecer antes de o atual modelo (com juros cavalares e aumento da dívida interna) mostrar-se esgotado. É uma questão de tempo.
Por enquanto, continua entrando dólar. Tanto que as cotações do comercial (exportações e importações) caíram no final do dia -chegaram a bater em R$ 0,9628 (venda) e fecharam a R$ 0,9613.
E, já que se prevêem novos controles para a entrada de dólar, o mercado continua apostando na permanência de juros extorsivos. No mercado futuro, a taxa efetiva para dezembro voltou a subir.

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