São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Fusão de Econômico pode custar R$ 2 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Avaliação do Banco Central calcula em cerca de R$ 2 bilhões o incentivo fiscal que seria dado a um eventual comprador do Banco Econômico. Essa seria a perda para os cofres públicos caso o Econômico fosse negociado em uma operação de fusão ou incorporação.
A MP das fusões permite que os créditos de difícil recebimento -podres- de um banco incorporado ou recebido em fusão sejam abatidos no Imposto de Renda da nova empresa criada.
Segundo a área técnica do BC, esses créditos, no caso do Econômico, chegariam ao patamar de R$ 2 bilhões. Argumenta-se que o prejuízo público, em caso de liquidação, seria ainda maior. O Econômico está sob intervenção desde agosto.
O interventor do BC, Francisco Flávio Barbosa, prefere não confirmar números, mas diz que o interesse de grupos financeiros no banco baiano cresceu após a edição da MP das fusões.
Segundo Barbosa, nove grupos -três estrangeiros e seis nacionais- estão em negociação para adquirir o Econômico. O mais novo interessado, diz, é o banco Bozanno, Simonsen.
O BC estipulou quatro condições para que o Econômico seja vendido: a primeira é a de que o acionista majoritário do banco, Ângelo Calmon de Sá, não receba nenhum dinheiro com a operação.
Outra condição imposta a um suposto comprador é a implantação de um programa de "racionalização" do banco. Traduzindo, significa que o número de agências, funcionários e instalações do Econômico será reduzido.
Por último, exige-se que o comprador capitalize o banco. O volume de dinheiro necessário nesse caso, segundo Barbosa, dependerá das condições em que o negócio seja fechado.
Barbosa diz que tais condições já estavam fixadas antes da edição da MP das fusões. Elas estão sendo adaptadas, porém, às novas regras que deram alento às esperanças do BC em negociar o banco.
A intervenção no Econômico causou um problema político para o governo. A bancada parlamentar baiana, liderada pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), não admite que o banco, o maior da região, feche suas portas.
Se não encontrar interessados em comprar o banco, o BC será obrigado a liquidá-lo. Essa era a alternativa mais provável até a edição da MP que concedeu benefícios fiscais e empréstimos privilegiados a fusões e incorporações bancárias.

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